terça-feira, 8 de março de 2011

A culpa dos inocentes?


A gente não precisa ser milionário, a gente só quer um justo salário. (João Alexandre)

À medida que eu conheço a triste realidade social das pessoas próximas a mim, encontro dentro de mim os sentimentos que a razão tinha ocultado. Neste momento estou assistindo à reprise da história do menino Set Teixeira, no Programa Caldeirão do Hulk. Set, um adolescente de 14 anos que mora em Cumbuco/CE é talentoso em kitesurf, simpático, inteligente, bonito e educado. Todas as condições o convidavam á várias formas de criminalidade, mas e ele não foi para o crime, ganhou troféus e a muitos encantou com seu talento, mas a noite ainda continuava a dormir na mesma cama que sua mãe e duas irmãs, em uma casa que mais parecia um entulho.

Bem mais conhecida que a história de Sete foi a Azhar. Não o conhece? Claro que sim! É o menino que protagonizou a infância de Amir, do filme “Quem quer ser um milionário?”, filme ganhador do Oscar 2009 e que, em oito meses, arrecadou mais de 380 milhões de dólares em todo mundo. Mesmo após o sucesso do filme milionário, Azhar continuou a viver na miséria, segundo a matéria apresentada pela revista Seleções Reader’s Digest (Outubro 2009). Graças a Luciano Hulk Sete está em uma vida que dificilmente teria, graças às lutas da mídia Azhar agora tem um lar pra viver com sua família, assim como uma escola onde estudar.

Somos seis bilhões de habitantes neste imenso planeta azul, estas são as histórias de apenas dois meninos em meio os mais de 80% de seres humanos em condições aquém do ideal. A riqueza está concentrada nas mãos de pessoas que conseguiram tais riquezas utilizando-se das mãos daqueles que depois continuaram na miséria. Ainda não conheço algum sistema econômico que, conciso ao seu governo, tenha possibilitado um crescimento justo da economia de sua população. Temos aquelas que promovem uma economia desigual ou então repressora. Em umas os governos não dão condições para que sua população cresça, em outros há uma exacerbada repressão em busca de uma utópica igualdade social.

Infelizmente as pessoas como Set e Azhar são apenas atrações “animais-humanas” que despertam os sentimentos da platéia que apenas se satisfaz com eles. Meu corpo reage muito mal à história por trás das câmeras ou depois do troféu levantado por estas pessoas. É uma sensação de impotência que não tem fim. O estômago retorce, a garganta aperta, os olhos ardem e as pernas perdem a força pra sustentar o corpo.

O Haiti treme, o mundo estremece e manda dinheiro para o país, as pessoas continuam a morrer de fome porque o dinheiro revertido está sendo extraviado por corruptos. Os EUA injetam 700 bilhões de dólares em sua economia para não verem seus bancos falirem enquanto africanos continuam morrendo com doenças que poderiam ser curadas através de vacinas que custam menos de 4 dólares. E ainda há quem diga que os injustiçados são os culpados, pois eles deveriam “dar o grito”. Costumo dizer que a atenção, inteligência e toda energia destes tem um só destino: sobreviver.

Não discordo que quando o grito de independência acontece muitas coisas mudam, quando o povo grita a independência nasce. Mas as forcas de hoje são mais cruéis do que as que de Tiradentes tiraram a cabeça.

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