sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Então é Natal, e o que você fez?

Se eu não estiver delirando, há muitos Natais tenho acordado com a voz da Simone fazendo esta pergunta. O que fiz? Como assim? Parece até o Papai Noel perguntando: o que você fez de bom este ano, meu filho?

Talvez seja a voz da sociedade perguntando: o que foi que você fez, menino?

Não! Calma lá! Parece até o próprio Deus perguntando: o que foi que você fez, rapaz?

Todas estas vozes ecoam em minha mente, fazendo-me perguntar a mim mesmo: o que você fez, Josimar?

Sou daqueles que - de vez em quando - ficam se lamentando pelas coisas que não aconteceram. No Natal, por exemplo, isto é bom. Você se pergunta: o que você fez?

Esta pergunta tem ramificações importantes, como, por exemplo:

- O que você fez com seu corpo, alma e mente?
- O que você fez pelas pessoas e pelo planeta?

Ai está o "x" da questão. Quando a cantora Simone me pergunta "o que você fez?" todas as manhas de Natal eu me sinto um velho de 23 anos olhando pra trás e expondo para todos a minha impotência ante a vida. Lembro-me que novamente eu escolhi o urgente no lugar do essencial, comprei o que gostei em vez do que precisava, busquei a morte achando que estava buscando a vida. Parece um exagero, mas não é.

Talvez eu devesse observar - à semelhança das pessoas boas da sociedade - que eu não matei, não roubei, não fumei, não me embriaguei. Mas não posso dizer isto, pois sempre quando eu não fazia algum bem ao meu corpo, alma e mente (acredito estarem interligados), ou ainda às pessoas e ao planeta (acredito estarem interligados), eu estava nos matando, roubando-nos, tragando a nossa vida e embriagando existência.

Não fiz o mínimo toda vez que dei ao governo a responsabilidade dos marginalizados, aos médicos os doentes, aos ambientalistas a natureza, ao N.A os drogados, ao A.A os alcoolatras, ao léu a vida, ao IBAMA os animais. Cruzei os braços quando dei a cada um o direito de exercer o meu dever. Não fiz o mínimo quando olhei no espelho e desprezei o crachá que dizia em letras garrafais: διάκονος (aquele que serve).

Ante este quadro só me resta o corar de vergonha. Resta-me o corar de vergonha porque eu sei o verdadeiro sentido deste dia: é uma data simbólica onde relembramos o que Deus fez por nós! Sim, Ele fez o que nenhum outro deus seria capaz de fazer. Ele, infinito em seu ser, limitou-se a um corpo humano. Ele, que criou de forma harmoniosa o cosmos, ordenou: façais vós também.

Agora, amigo, coloco você neste quadro: o que foi que fizemos/deixamos de fazer?

"O ano termina e nasce outra vez", conclui Simone na velha canção. Talvez os anos continuem renascendo sem que renasçamos com ele. É tempo de 'também fazermos' em resposta ao que Ele fez e faz por nós!

Feliz Natal?