quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Outro texto que quase apaguei

Lembro do quanto já opinei, motivado pela ideia do "falar o que eu penso" através de longas dissertações, charges, discussões e até compartilhamento de hashtags. Então comecei a perceber, em meio ao bombardeio de opiniões, o quanto é difícil sair do senso comum, do moralismo (no pior dos sentidos), do vazio, da superficialidade, inutilidade, das propostas inoperantes e críticas sem propostas, e de todos os demais adjetivos sinônimos de "pensamento superficial*". Então revi minhas opiniões... Calei-me!

Calei-me porque nem sempre apresentava uma opinião com base em um mínimo de labor intelectual. Metralhando o teclado, preferia o zelo pela estética* da apresentação ao esmero na argumentação. Com sinônimos, adjetivos e "frases de efeito", mesmo não fazendo poesia, tal qual o poeta despretensioso*, com meras repetições o vazio eu preenchia. [Bem assim]. 

Calei-me porque não estava sentindo, ao opinar, a dor de cabeça que trás aquele labor intelectual por uma elaboração textual que seja sólida, lógico-racional (meu tipo ideal de "teoria"), precisa dentro dos limites da linguagem, crítica consigo mesmo e objetiva. 

Calei-me [com vontade de continuar opinando] para ter o que falar!

Calei-me para ouvir!
Calei-me para me ouvir!

Calei-me quando Alexandre Magno Abrão falou: tanta gente equivocada faz mal uso da palavra; falam, falam o tempo todo mas não tem nada a dizer.

Calei-me para contrariar o mais novo direito instaurado pela internet:
"Todo idiota tem o direito de falar suas idiotices."

Um amigo, reclamando da vida, por um momento parou e, tentando se retratar, concluiu:
- Cara, a gente reclama até de reclamar.

E eu aqui, opinando sobre opinar.

E pensar que este é só mais um texto que quase apaguei**.


* quanta valoração
** texto, desta vez, sem estética!