sábado, 7 de agosto de 2010

Mas toda vez que falta luz....

o invisível nos salta aos olhos!


Guardo na memória a frase de um grande amigo, Oliveira Fidelis Filho: quando você for meditar, meu amigo, apague as luzes. Psicanalista e Teólogo, o Oliveira é um dos poucos que conseguem dialogar com a alma humana de forma forma infantil - como somente as crianças conseguem. Com a alma ele pinta e borda todos os dias. Da richa entre  Teólogos e Psicanalistas ele está fora; da dicotomia entre fé e razão ele passa longe. Saúde espiritual, emocional e física andam lado a lado, diz ele. Logo, os dissecadores de Deus e os da mente humana deveriam compreender que está "tudo numa coisa só" (O Teatro Mágico). Os amigos Dr. Freud e Rev. Pfister concluíram assim também há quase um século atrás (Publicação de suas cartas em livro lançado pela Editora Ultimato). Assim também concluo.

A frase que dá título a este texto é de uma música da Banda Engenheiros do Hawaii (música "Piano e Bar"), ela realça esta idéia; luz demais cega. Talvez o bom homem Thomas Edison tenha nos deixado tão confortáveis que nos acostumamos a receber as luzes criadas (incandescentes) quando as naturais se escondem de nós. Estas luzes recebemos em nossas escolas, faculdades, famílias, grupos religiosos, partidos políticos, correntes ideológicas...

Tome nota:
- Luz demais ofusca os olhos!
- Os sonhos se revelam quando estamos de olhos fechados, longe da luz!
- Quando falta luz o invisível nos salta aos olhos!

É fato que quando você nasce nas luzes, cresce nas luzes, ensina e aprende com e sobre as luzes, qualquer coisa que lembre as trevas é ruim, pernicioso, anátema. Tememos as trevas quando não entendemos que são nelas onde as coisas são criadas. Através das trevas tudo se fez, a Luz Máxima criou a partir das trevas. Mas alguém nos ensinou que é lá onde habitam os demônios (lê-se: é lá que escondemos nossos demônios).

Todos os dias sou convidado a apagar as luzes para poder criar e enxergar o invisível, mas confesso que há tantas luzes em meu caminho que acho quase impossível apagá-las.

A Luz de Jesus de Nazaré era natural. Aqueles que andavam nela não andariam em trevas. Mas então as trevas são más? Atente-se: luz demais cega, onde há cegueira há trevas. Lugar sem luz é trevas! Lugar com muita luz também é trevas!

A luz de Jesus de Nazaré não ofuscava, mas criava e fazia com que aqueles que a seguissem "vissem, criassem e fizessem coisas maiores que Ele havia feito". Jesus, apaga as minhas luzes!

Algumas luzes são fáceis de apagar, basta assoprá-las ou dar as costas a elas. Outras são como faróis de milha que nos perseguem por pouco mais de 2000 anos - mas estas também ofuscam. Outras luzes são fascinantes e confortáveis, nos oferecem estabilidade e tem raios fascinantes. Mas também são luzes luzes luzes luzes luzes luzes ....

Apague-as!

Ao apagar as luzes você poderá ver que:
* havia se tornado uma luz para muitos olhos,
** estava nas trevas e não sabia,
*** ou ainda, quem sabe, era feliz e sabia.

Mas ver o invisível é maravilhoso.
Quando sua própria luz ascende, você vê que tudo que você criou é bom.

Voltemos ao Oliveira! 
A alma é invisível. De luzes acesas não podemos enxergá-la. No "pique-esconde" às claras, nós somos os invisíveis!