domingo, 26 de junho de 2011

(dis)Parada Gay

Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre... (Renato Russo)

As grandes "paradas" fazem todo sucesso pelo mundo. Pessoas com interesses comuns saem pelas avenidas a fim de proclamá-los e, em alguns casos, disseminá-los. Hoje, 26/06/2011, acontece em São Paulo a maior parada gay do mundo e, como a única coisas que muitos ainda enxergam nos gays são sexo, sexo e mais sexo, encontramos infindas discussões sobre as lutas GLBTTT's. Hoje temos grupos religiosos em tristeza espiritual pelo "pecado da nação" e temos também grupos conservadores a ponto de pedirem expurgamento deste "país depravado" - estou apenas usando os termos utilizados por estes grupos, e não exprimindo pensamentos.

O fato é que tanto em meio aos fanáticos religiosos, quanto dos moralistas ou ativistas sexuais, há aqueles que procuram provocar aos que pensam diferente. Por exemplo, o grande problema de religiosos e moralistas não religiosos com a homossexualidade é que uma parte escandalosa (louca, môna) dos homossexuais sente a necessidade de mostrar que a única coisas que move a vida de um homossexual é o sexo, como se não tivessem nenhuma outra relação com o mundo que não a sexual.

Já outra grande parte não precisa disto. Fala normalmente, sem forçar a voz (uma coisa que não entendo), estão sempre por dentro dos assuntos sociais e não se sentem uma outra espécie de ser humano superior ou inferior. Estes não têm a menor necessidade de receberem a alcunha de viadinhos. São somente Pedro, Marcela, Michelle, José etc. A estes não há a necessidade de olhar e dizer "esta coca é fanta", pois não faz a menor diferença, antes de ser gay ele é o Pedro, simplesmente.

A estimativa de público desta 15ª edição da Parada Gay de São Paulo é de cerca de 3 milhões de pessoas. O que marca o encontro deste ano é o legado político: luta por direitos civis contidos no Projeto de Lei Complementar (PLC) 122, que visa a criminalizar a homofobia. Mas outra grande questão é o tema: "Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia". Creio ser impossível extinguirmos qualquer preconceito de uma geração. Somente com a morte de uma ou duas gerações conseguimos estabelecer novos preceitos. Então, ao GLBTTT's, meus pêsames, somente os filhos ou netos de vocês não sofrerão com repressões, caso tenham outra condição sexual que não a heterossexual. Mas para que isto acontece, realmente é necessário que as "minorias" saiam em disparada e lutem por seus direitos; a política deve servir aos interesses de toda a população e foi sempre assim, com manifestações, que os direitos civis, sociais e políticos foram conquistados.

O quadro que eu gostaria de ver pela rua é o da utópica música de John Lennon, Imagine.




"Imagine todas as pessoas vivendo para o hoje, imagine não existir países, nada pelo que lutar ou morrer, e nenhuma religião também. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz. Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único..."






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Felicidade, paz, saúde e prosperidade pra você!

Josimar de Souza Silva

sábado, 25 de junho de 2011

Carta a Jesus

Paz do Senhor pro senhor, Jesus!

Estou lhe escrevendo esta carta pra lhe compartilhar algumas coisas bem incômodas (aliás, acho que a maioria das pessoas faz isto quando falam contigo). Até onde eu li, quando você andou fisicamente sobre este planeta falou muito com as pessoas de sua sociedade corrompida e cega. Falou contra a corrupção política, alienação e manipulação de uma árcade religiosidade (que não acompanha a evolução do mundo), caos social, racismo e outros tantos preconceitos. Ou eu entendi mal todas aquelas palavras sobre amor, resgate, curas, koinonia, partilha, restauração, purificação, organização etc?

Li também que em todo tempo você pregava sobre amar os perseguidores, tratando-os com amor e até mesmo "retribuindo com rosas ao canhão". Li que seus primeiros seguidores formaram uma comunidade onde tudo era a todos comum; nesta comunidade até mesmo as arrecadações financeiras eram direcionadas aos mais pobres, segundo suas necessidades. Os que a viam ficavam tão admirados que o número de habitantes desta comunidade crescia todos os dias. Ah, parece-me que o dinheiro arrecadado ali não servia para dar luxos aos apóstolos e seus familiares, os quais parecem ter morrido sem onde reclinar a cabeça, como dizem ter sido seu caso.

Estes textos eu li na Bíblia, o livro que você não teve a oportunidade de folhear, mas que se tornou a mãe de muitas discussões e de uma divisão social e ideológica tamanha que chega a ser anátema. Neste livro sacro, eu confesso, têm muita coisa pura, infindos ideais políticos que poderiam transformar a sociedade de uma forma extraordinária. Mas, apesar de ser chamado de sagrado, está passível à interpretações de homens mais sagrados ainda. Enfim... 

... no texto que circunda minha mente neste momento li que um de seus amigos, João, tentou impedir um  homem (que não era um de teus discípulos) a continuar a expulsar egrégoras demônios em teu nome. Segundo este texto a sua resposta foi: não o impeçam, pois ninguém que faça um milagre em meu nome pode falar mal de mim, pois quem não é contra nós está a nosso favor; quem não é contra nós, receberá sua recompensa até mesmo se der um mísero copo de água a um de vocês.

Jesus, é o seguinte. Acredito que tem muita gente ai tentando cumprir os desafios propostos por ti, segundo está escrito na Bíblia. Bem, na verdade não são muitos. Mas tem um bocado de "filhos da puta" que estão usando seu nome para propagarem seus anseios egoístas, racistas e arrogantes. Muitos destes se sentem tão superiores aos demais seres humanos que desprezam todos aqueles que estão "do lado de lá", ainda que estejam fazendo aquelas coisas ideais: amando, lutando contra corrupção, miséria e injustiça. Estes, os filhos da puta, estão trancafiados em guetos religiosos, não fazem um pingo de obra pela sociedade ao seu redor; engordam seus seguidores com palavras vazias todos os dias, são avarentos, alienadores, caluniosos, maldizentes e fazem apologia à ignorância e miséria, como se fossem sinais de humildade. Estes "homenzinhos tortos" lutam contra as minorias, desprezam o ser humano em detrimento aos seus "pecados"; lutam contra as minorias marginalizadas, gloriam-se no pedaço de pão sem progresso e educação que dão aqui ou acolá (normalmente no Natal).

Para não estagnar nestes, pretendo tomar duas simples atitudes, as quais submeto ao seu julgamento:

1. Fazer distinção entre aqueles que lutam pelas mesmas causas que você lutou, dos loucos ambiciosos que só atrasam a sociedade (e o faz em seu nome).

2. Lutar ao lado destes que, em seu nome ou não, perdem noites inteiras com a assombrosas imagens de pessoas morrendo pelas calçadas. E que, ainda que em busca de uma satisfação própria, gastam suas energias tentando restaurar uma humanidade nos seres humanos, humanidade a qual sentimos, no âmago da nossa alma, estar perdida há muito tempo. 

Assinado: Nós.
"Estamos do lado do bem" (Renato Russo)


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Felicidade, paz, saúde e prosperidade pra você!

Josimar de Souza Silva

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não creio neste Deus

"Pois quem não é contra nós, é por nós" (Jesus)

Estou me esforçando para não ficar escrevendo sobre religião, teologia e religiosos, a fim de não ser rotulado como "perseguidor do santo povo de deus" (e nem é minha pretensão), mas é quase inevitável, pois muitos dos "arautos do rei" são chatos em demasia e vivem a me provocar. Para aqueles que não sabem, eu aceitei a doutrina reformada protestante presbiteriana como minha "filosofia" de vida em 2001. Eu tinha 14 anos de muitas deficiências no corpo (um gordinho socialmente desajustado), alma e mente. Aceitei mais o ambiente religioso do que a "religião pura e sem mácula". Fui muito bem acolhido e formatado pelos dogmas, excluí-me do convívio social com os pecadores condenados ao inferno, destaquei-me dentro do grupo, liderei grupos de adolescentes, jovens e estudos, fui para no Seminário a fim de me tornar pastor. Estudei os quatro anos todas "as filosofias, exegeses, hermenêuticas, comunicações, psicologias, antropologias, oratórias, gregos e hebraicos da vida". Formei-me em 2009 com a cabeça cheia de dúvidas e incertezas, mas como dúvidas são opostas à fé e os questionamentos são inerentes ao desprezo, decidi-me por sair do ministério que a pouco começara, em 2010. A saída foi obrigatoriamente perturbadora. E como aquilo que nos une é aquilo que nos separa, perdi todas as relações cujo único laço era a religião.

Um mês depois eu estava novamente empregado, trabalhando no CRAS (Centro de Referênia da Assistência Social), fazendo aquilo que eu realmente achava construtivo; buscando promover à crianças e adolescentes um pouco de saúde e dignidade sem repressão física, moral, espiritual e intelectual. 

Antes que terminasse o meu primeiro mês de serviço, fui chamado para a Universidade Federal de Alfenas (MG) para cursar Bacharelado em Ciências Sociais. Fiquei muito feliz. Fui estudar mesmo sem ter como ser sustentado por meu pai e minha mãe, lavrador e doméstica encostada, respectivamente. Paguei algumas contas e deixei outras (as quais não foram quitadas devidos a pagamentos não recebidos na quebra do meu sacro contrato), paguei o primeiro mês do pensionato e estou aqui, com algumas ajudas e esforços limitados de meus pais, esperando conseguir uma bolsa de estudos que me sustente com o básico necessário.

Mas por que isto tudo? 

Há dois dias um amigo me repassou a seguinte análise de um cristão: eu já vi gente fazer o que o Josimar fez,  abandonaram o ministério e só fracassaram na vida, deram-se mal, assim será com ele. 

O pior é que ouvi desta mesma pessoa: se seu coração diz assim, é a melhor coisa a se fazer, deus estará com você, que deus ilumine seu caminho e te cubra bênçãos.

Há tantos palavrões em minha cabeça neste momento, os quais estão quase vazando pelas pontas dos dedos, que eu mal posso continuar o texto. Este tipo de religioso sempre cria confusões. Está sempre insatisfeito com seus "opositores". É sempre o advogado de deus na terra. É este tipo de religioso que ama as pessoas pelos seus títulos. É este tipo de pessoa que crê em um deus à sua imagem e semelhança e inverte o jogo interpretando a textos religiosos segundo sua própria cobiça. Que este deus que manipula as pessoas, condena todos aqueles que não lambem seus pés e despreza totalmente aqueles que lutam pela dignidade dos desvalidos, exploda-se com seus servos. Quanto a este deus eu já posso dizer: neste deus eu não creio.

Na última palestra que tive, uma antropóloga falava sobre a mania que adquirimos em analisar as pessoas, e eu que já a tinha voltei a pensar: MUITOS religiosos são estressados por estarem sempre se reprimindo e sendo reprimidos, procurando cumprir as regras preestabelecidas pelos intérpretes sagrados. Estes MUITOS religiosos adoecem em suas relações afetivas, familiares e profissionais, culpando consequentemente o eterno inimigo de suas almas, o capeta, pelos problemas com as pessoas que as contrariam. Elas não sabem ser contrariadas, não gostam da oposição, consideram-se a verdade encarnada. Como diria um amigo, estão sempre criando suas egrégoras (do grego egrégoroi, força gerada pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas), ou seja, colocam no capeta e demônios a responsabilidade dos problemas que elas criaram e não são capazes de resolver.


Enquanto temos ONGs com pouquíssimos recursos financeiros tentando erradicar desgraças sociais, temos bancos religiosos que vivem em função de adoecer pessoas e sugá-las em nome de deus. O que mais temos no Brasil são igrejas abertas de portas fechadas. Igrejas que pregam amor ai próximo, amparo à órfãos e viúvas, mas não conseguem se quer assistir sua cidade com uma mísera cesta básica (talvez porque comprando uma, desfalcar-se-a a côngrua pastoral). Estas mesmas igrejas costumam ter prédios suntuosos que são usados somente por seus membros aos finais de semana, não prestam qualquer assistência social se quer à rua na qual se localizam. Seus filiados são pomposos, mesmo os mais pobres (os quais muitas vezes se submetem à humilhação e descaso dos membros ricos), e se destacam em meio à miséria da sociedade. Esnobes, arrogantes, presunçosos, mercenários. São a favor da lei e contra os "vícios da carne", mas em seus comércios não faltam pirataria, cigarro e bebida. Lembrando que estou falando "daqueles MUITOS" supracitados.       

Enfim. Se eu "fracassar" na vida será tentando mudar não somente a minha realidade, mas a das tantas pessoas esquecidas pelas tantas outras "equivocadas que fazem mal uso da palavra, que falam, falam o tempo todo, mas não têm nada a dizer" (Charlie Brown).

Eu não sou nenhum opositor de pensamentos a cerca do metafísico. Mas devo dizer que me enfureço facilmente contra aqueles que vivem a condenar os outros ou ainda discriminam "o pecador" em função do seu "pecado". Não tenho nada contra aqueles que aceitam as infalíveis verdades religiosas, mesmo não concordando com elas. Mas as vezes a cegueira é tanta que não percebem estarem matando pessoas ao invés de promover saúde. Uma pessoa abandona o cigarro e o álcool, mas aprende a desprezar o ser humano que pensa diferente, como se ele fosse um animal selvagem.

Agora, como provocador e maldito perseguidor, indico-vos a leitura deste breve texto:

Quais os dois ditados mais populares com manga?

sábado, 4 de junho de 2011

Notícias Globo 2030

"Criatividade sempre significa fazer o não-familiar." (Eleanor Roosevelt)

Já dei muitas risadas com essa criatividade toda da galera do Kibeloco. Eles simplesmente criaram "A Piada do Mês" ao lançarem notícias fictícias a serem anunciadas pelo Portal Globo.com em 2030. Elas apontam um Brasil de "pernas pro ar", desorganizado, fora dos trilhos. Veja abaixo algumas das manchetes:



Mas o que isto está sinalizando? Por que as pessoas estão muito mais sensíveis a este tipo de humor? Por que trocaram-se as insanas piadas sobre peitos, vaginas, pênis e bundas, por corrupção, leis, política ou justiça?

Isto sinaliza que a casa está bagunçada. Necessitamos fazê-la progredir e colocá-la em ordem. Ordem e Progresso (antes seria complementado com a velha piadinha "tira a roupa e faz sucesso", agora "não existe no Congresso"). Dois princípios do senhor Augusto Comte, o qual defendia  "o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". Estes podem ser desenvolvidos através do mais profundo moralismo ou, que optem por esta segunda, com inteligência, boa criatividade e boa irreverência. É somente assim que podemos reorganizar a casa. Isto mesmo. Não estou falando em jogar as coisas fora ou muito menos colocá-las no "devido" lugar. Estou falando em reorganizar a sociedade.

Espalhados por esta casa temos coisas como PLC 122/2006, marchas para descriminalização da maconha, cenário político, reformas em códigos de leis, educação, crises sociais, criminalidade, saúde etc.  Está tudo espalhado pelo chão. Estou tentando aqui encontrar alguma coisa que esteja arrumado, na estante, em seu devido lugar; "mas poxa vida", nem o meu Tricolor Paulista está! 

"Não faz sentido" aplaudirmos e nos contentarmos com os números indicadores de progresso da nação. Há mais ou menos uma década as minorias sociais estão começando a advogar em causa própria. Apesar do conflito de minorias - levantam-se LGBTTTs, atacam-nos a bancada cristã - política é isto: a representação e organização da sociedade de forma legal e democrática. Democracia não inclui exclusão. Não estou defendendo uma representação estamental, mas sim um só estamento considerado diversificado. Assim atende-se à diversidade.

Tem tanta coisa a ser feita neste país que para começarmos a reorganização da casa precisamos de vários faxineiros: antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, filósofos, historiadores, advogados, educadores, psicólogos etc. 

Não podemos ver, assentados e de braços cruzados, que coisas como o bullying continue a gerar coisas como Wellington.

Não podemos deixar que protestos virem ditaduras ou que opiniões contrárias (que também são protestos) anulam o direito à felicidade do próximo (princípio constitucional norte americano).

Não podemos permitir que os interesses dos novos "senhores sociais" continuem a ignorar a educação, da qual sem, tornamos-nos "escravos sociais". 

Não podemos permitir que a saúde continue a ser seletiva. 

Não podemos permitir que a dignidade do trabalhador esteja na avareza de seus empregadores. 

Não podemos permitir que poucos possuam muito. 

Não podemos permitir, em hipótese alguma, que as trevas voltem a reinar sobre as luzes.

  
Como diria minha mãe: levanta essa bunda daí, menino, e vai ajudar a arrumar esta casa!