terça-feira, 26 de julho de 2011

Olhando pro Chão

Liberdade talvez seja isto: somos livres para escolher prisões diferentes. (J.Souza)


Enquanto eu andava pelos caminhos que me guiavam, olhava sempre para o chão. Eu estava a procura de não olhar nos olhos maldosos, caluniosos, difamadores, medrosos, soberbos, arrogantes, investigadores, profundos. Olhando para os próprios pés eu percebia que só me importava o caminho. Mas o caminho eu mal via.

Ergui um pouco a visão e vi todos escondendo aquilo que queriam mais mostrar. Todos com vergonha das vergonhas que só a maldade pode enxergar. Era noite, era dia, ninguém ousava me mostrar aquilo que eu queria ver, aquilo que eu mesmo queria mostrar. Estava tudo vedado, ocultado de quem mesmo ousasse pensar. Voltei a olhar pro chão.

Não contentando com meus pés ou a vergonha encoberta, subi os olhos ao coração. Todos batiam no peito, todos cheios de emoção. Mas sobre eles lágrimas desciam e subiam. Desciam as próprias dores, subiam as dores alheias. Fiquei angustiado e derrubei minha própria lágrima no chão. A dor de todos neste momento subiu, inundando também o meu coração. Voltei a olhar pra baixo, comecei a inundar o chão.

A vida não fazia mais sentido. Os caminhos não eram meus, eu apenas os aceitara, não os escolhera ou os descobrira. Eu andava por caminhos que não eram os meus, por isso olhava para o chão, pois pra onde quer que olhasse enxergava solidão, a falta de uma chegada, o medo dos erros, as dores que voltam e que vão. Decidi então olhar pra frente, erguer a cabeça e encarar a todos. Sabe o que vi?



Todos olhando para o chão.

sábado, 23 de julho de 2011

Pátria Amada, Brasil!


"Gigante pela própria natureza..."

Têm gente que me vê como um sonhador, alguém que não tem os pés no chão. Alguns dizem que eu irei aprender com o tempo que o mundo não tem mais conserto. Outros dizem que eu devo estar cego ante as injustiças sociais. Os poucos que me olham com a mesma esperança estão certos de que tal esperança é uma utopia. Eu continuo otimista e não vacilo ao pensamento negativo. Até porque, se Rhonda Byrne (O Segredo) estiver correta, o pessimismo pode afundar toda uma nação, caso este tome maior proporção.


Mesmo com tanta injustiça ao meu redor a terra têm sido gentil a mim e aos tantos mais sofredores, filhos deste solo. Temos um mundo todo a descobrir em nossas imensas terras e muita terra a oferecer ao mundo todo. Como eu disse em outros posts, este não é o problema; não são as nossas condições naturais que levariam nossos irmãos ao autoexílio, mas sim a precariedade da nossa política e economia? Mas como assim "precariedade"?

Temos 122 anos de república advinda de uma colônia escravista, dominada por um regime de exploração econômica de proporções desastrosas. Aprendemos que o tradicionalismo sobrepunha-se sobre qualquer pensamento "inovador". Nossas religiosidades dominantes sempre impuseram uma moral ultrarracional. Estas religiosidades cultuavam a ignorância dos fiéis (o que torna muito mais fácil a dominação de qualquer povo - assista ao filme "O Livro de Eli"). Entramos numa pseudo independência que nos consumia até bem pouco tempo atrás com dívidas e mais dívidas. Infelizmente uma mentalidade arcaica como a dos dias de outrora é quase um câncer difícil de ser estripado. De fato são poucas décadas para uma profunda metanoia.

Em tão pouco tempo assim é natural que ainda tenhamos políticos de linhagem política tradicional dominando o cenário público e não representando a sociedade, mas sim seus estamentos. É natural que ainda tenhamos uma dominação política feita por interesses próprios, e não coletivos. É natural que, com uma mídia de que destaca a minoria corrupta em detrimento aos feitos dos honestos, vejamos uma política corrompida a cada dia; vejamos seus escândalos e desordens. Eu proponho uma lei: para cada notícia ruim, duas boas (na mesma área). O que não natural é termos "filhos deste solo" com uma visão política sadia e racional preferindo e sonhando no dia em que terão condições de abandonar a nação (com os frutos desta própria terra). Diferentemente da palestina, tonamo-nos assim, como diria Renato Russo, "um Estado que não é nação" (organizado, porém sem cultura e paixões próprias).

As injustiças sociais do nosso país, tais como suas instabilidades com moral e ética, deveriam somente despertar a estes tantos indignados (aos quais me incluo) a quererem mudar o rumo de tanta desordem. Mas estes (dos quais me excluo) não entendem que o "silêncio oficial" é muito maior que a "indignação anônima". Quero dizer com isto que uma pessoa que têm o tato para sentir o que há de errado, porém abandona o país ou se exclui da vida política, perde seu tempo expondo qualquer indignação. Esta pessoa está se desgastando, sofrendo e adquirindo doenças emocionais. Esta pessoa, à semelhança daquelas que vivem magoadas, são inoperantes e as únicas atingidas pela própria indignação. Aliás, vai aqui uma triste notícia: a política é feita por consentimento; a passividade ou "exclusão da vida política" é uma forma de consentimento (Hannah Arendt). 

Eu tenho um projeto e um sonho: ser um bom e útil Cientista Político (projeto) e Senador (sonho). Sei que uma lei passa por um longo processo de elaboração e que ninguém está na vida política sozinho, sendo um simples alfabetizado - todos são amparados e assessorados; como Cientista Político eu poderia ajudar em projetos de organização da minha Cidade, Estado e, quiçá, Nação. Como Senador eu poderia zelar pelos direitos do povo e ter autonomia na elaboração e aprovação de leis sensatas, de interesses coletivos, beneficiando principalmente os menos favorecidos, dando assim condições à una ascensão social da população. 

Agora até você que estava me apoiando deve já estar pensando na possibilidade de eu ser, realmente, um utópico e inoperante sonhador. Mas ainda estou crente de que este é o meu legado: o bem social. Contudo gosto de pensar e dizer que sou uma metamorfose ambulante, sempre renovando o pensamento, sofrendo sempre metanoias. Traço e sonho com estes planos. Quem sabe sejam eles possíveis e viáveis a este meu "Legado Destino Manifesto"? 

Encerrando por aqui concluo com uma certeza:

"o problema do Brasil não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons." (parafraseando Dr. Martin Luther King Jr.)




Dentre outras mil, és tu, Brasil, minha pátria amada!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A Relíquia da Morte

O que você pediria à Morte se pudesse ganhar dela um presente?



O título e a frase inicial deste texto nos faz lembrar de quê? Harry Potter e as Relíquias da Morte. Normalmente vemos uma fada ou gênio oferecendo presentes a quem os encontra, mas não a Srta. Morte. Rowling, autora de uma das literaturas mais apreciadas em toda a história da humanidade, Harry Potter, teve esta idéia genial. No conto as Relíquias da Morte são três objetos dados pela Morte a três irmãos que conseguiram, através da magia, fazer a travessia de um rio onde ninguém jamais sobrevivera. Os três objetos eram a Varinha das Varinhas (pedida pelo irmão mais velho, que era o mais combativo dos três e queria uma varinha que o permitisse sempre vencer os duelos), a Pedra da Ressurreição (irmão mais arrogante que queria restituir a vida às pessoas que a morte levasse) e a Capa da Invisibilidade (pedida pelo irmão mais novo que queria sair do lugar sem ser seguido pela morte). O que eles pediram, na verdade, foram formas de não ter que encarar a morte novamente. Segundo a lenda o possuidor das três relíquias seria mais forte que a morte. Zeca Camargo diz que "Harry Potter & Cia galvanizou toda uma geração, criou um elo fortíssimo entre jovens (e muitos adultos) de todo o mundo, e reinstalou o imaginário fantástico no cenário cultural pop universal como nunca havia acontecido, talvez, desde “E.T.” – o filme de Steven Spielberg, de 1982". De fato esta saga (a qual comecei a ler inspirado por um menino de dez anos, Jônatas, há uns 6 anos) cativou tanta gente que será impossível, por longas décadas, desaparecer das principais leituras mundiais.

Mas vamos à nossa questão inicial: 

* Se eu você estivesse hoje a oportunidade de ganhar um presente da Morte, qual pediria?

O tema ronda a grande questão da vida, a morte. Talvez seja ela o segredo desta vida, diria Raul Seixas, mas a questão é que está ai uma resposta que angustia o homem e o faz recorrer às milhões de respostas para este momento, cuja verdade sobre não temos (é o que acredito no momento). Até bem pouco tempo atrás eu teria "mil e uma" repostas para esta grande questão. Eu teria dogmas, fantasias, estórias historiadas ou ainda cogitações a apresentar a qualquer um. Mas ao passo que a vida presente foi ficando em segundo plano, em detrimento à vida futura, comecei a me cansar de tanto nadar e não chegar a um porto seguro. Tudo que eu tinha eram indicações, bilhetes, placas, mensagens e mais mensagens. Então decidi entrar em um bote e seguir a viagem admirando a paisagem do grande "oceano da vida" sem esperar por avistar ou tocar um lugar seguro. Escolhi a vida, escolhi a "dádiva do presente". Atualmente estou bem mais contente com o presente, ainda que o fim esteja próximo. Que se dane o fim!

Estar de frente com Gabi a Morte é algo que muitos de nós já experimentamos. Eu, por imprudência, cheguei o mais próximo dela bebendo. Outros sofreram acidentes graves ou passaram por graves doenças, e quase todos já a viram no corpo de alguém. Neste último caso pediríamos algo que anulasse aquele momento, prolongando eternamente o último minuto de vida  daquela pessoa. Quando ligamos a TV e vemos as muitas mortes de pessoas inocentes ficamos frente a frente com a Morte. Em minha casa é de costume ligar o rádio logo pela manhã para ouvir as "Notas de Falecimentos". A morte nos tormenta e fascina. Creio que algumas das gotas que escorrem de nossos olhos são do medo que habita em nós quanto a este momento inimaginável. 

Muitas crenças religiosas ainda são importantes em consequência desta grande questão. Augusto Comte dizia que a Ciência trouxe ao homem muitas respostas, fazendo com que deus (religião) já não fosse mais necessário para responder à questões dadas pelas Leis Naturais, as quais regem a Ordem Natural. Mas além de conservar a moral, a religião ainda tem em suas mãos uma reposta muito distante do conhecimento empírico: a vida após a morte. Não pretendendo a fazer um sermão expositivo, apesar de amar a arte da oratória, finalizo apenas expondo um pensamento:

Estamos diante da vida todos os dias, se nos preocuparmos mais com seu fim perderemos todas as maravilhas em seu decorrer; se vivermos de forma pura e legítima todas estas maravilhas, duvido que alguém nos condene ou salve por isto. Não podemos mudar o começo ou o final, podemos escolher a vida e não a morte. Podes pedir à morte que "apenas venha quando ela quiser" e mandar dizer a ela que "não estamos nem ai pra ela". Iremos de bom grado quando ela quiser, sem remorso, arrependimento ou choro.

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Felicidade, paz, saúde e prosperidade pra você!

Josimar de Souza Silva