terça-feira, 5 de abril de 2011

Afasta de mim e se cale-se...

Afasta de mim esse cálice! Afasta de mim este cale-se! Afasta de mim e "se cale-se"!

Aqueles que gostam de uma boa música provavelmente já ouviram várias de Chico Buarque de Holanda. A frase supracitada é de uma de suas composições, em parceria com  Gilberto Gil: cálice. 
Sua maior repercussão foi na época da ditadura militar, quando foi perseguida por ser considerada subversiva. É sempre assim: o que você reprime ganha forças dentro e fora de você. Cale-se. 
A canção alude ao triste momento do martírio de Jesus, o deus cristão. Onde clamou pedindo que aquele momento fosse aliviado, e que a parte boa chegasse logo. Como sabemos, pela história que em poucos dias ouviremos repetidamente, as dores e gritos chegaram e a agonia ecoou até os dias de hoje: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?". Cálice!
Para o movimento contra a censura o "afaste de mim este cale-se" é fundamental, é um grito ao "cale-se de idéias e liberdade". Para aqueles que já ouviram "cale-se" ao beber os amargos cálices familiares e religiosos, por exemplo, resta-lhes o jogo das palavras. Se cale-se. 
Esta é a canção que grita aos tantos Pais (déspotas) que insistem em dar ordens? Será que estes déspotas não entendem que não é possível "beber uma bebida amarga, tragar a dor e engolir a labuta mesmo calada a boca". Cálice!
Por que é tão difícil entender que não podemos "acordar calados, já que na calada da noite nos danamos e queremos lançar gritos desumanos"? Cale-se. 
Se assim não nos entende, do que nos vale ser "filhos da santa? Melhor seria-nos ser filhos da outra". São tantas "mentiras e forças brutas que esta palavra fica presa na garganta": cale-se!
Neste grito queremos apenas que a vida não seja "um fato consumado, queremos inventar o nosso próprio pecado e não somente evitar os já estabelecidos". Queremos o nosso "próprio veneno, morrer nossa própria morte e embriagarmo-nos com nosso próprio cálice". Se cale-se!

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