quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sou um animal sentimental...

... me apego facilmente ao que desperta o meu desejo! (Renato Russo, Sereníssima.)


Uma das coisas que me fascinam no ser humano é a capacidade que alguns têm de tomar sobre si as dores dos outros. Isto, em um mundo tão individualista, pode vir a ser algo raro daqui a alguns dias, restringindo-se da mãe ao filho. Para algumas pessoas, ver o outro além do que os olhos podem ver é quase uma obsessão ou uma doença que se dispõe a ser, mas infelizmente não é, contagiosa.

Dos tantos grupos de pessoas que formam o meu eu, este é um deles, o grupo daqueles que sentem e gostam de sentir o outro, por mais diferente que este seja. Sou daqueles que todos os seus sentidos sentem a falta de sentir alguém. Esta é uma das minhas tantas taras. E quando encontro alguém aberto e disposto a esta entrega, ah, eu me apego facilmente. Por isso tenho um probleminhas básico: apaixono-me facilmente. =/

Homens são matemáticos, mulheres filósofas. Homens resolvem problemas, mulheres dissecam problemas e encontram mais problemas dentro dos problemas. Homens fecham-se em quartos e se propõem a resolverem seus problemas ou fugir deles (através de vícios, suicídios, traições etc), mulheres saem "gritando seus problemas pelas ruas" (acho que em busca de resolução) ou então os deixam "jogá-las nas sarjetas" (depressão, stress e outras patologias). É justamente ai que me apaixono: pelas pessoas possuídas por dores e misérias. É claro que isto é fruto da minha síndrome de Madre Tereza de Calcutá.

Porém eu tenho confundido isto com o passar dos anos. Principalmente em relação às mulheres. Tenho me apaixonado por elas além da conta; basta eu estar passando pela "rua" e encontrar uma delas "gritando". Há pouco percebi isto. Apaixono-me por mulheres que precisam de mim, ou pelo menos parecem precisar. Sentir é minha obsessão, e quando sinto-as, apaixono-me. 

Com os homens não é diferente, mas pouco me apaixono por eles - explico. Quando algum "sai do quarto" e decide também "gritar pelas ruas", eu logo saio sedento atrás, como um vampiro faminto. Porém, no caso dos homens eu crio uma amizade algumas vezes doentia. Os que se abriram, até ontem, tornaram-se amigos inseparáveis. Mas com eles não acontece essa necessidade "hétero-biológica" que pulsa em minha pele: abraçar e dar amor às mulheres mais carentes. Sabe aquelas mulheres decididas, pra frente, donas de si, auto suficientes, quase homens? Não me interessam nenhum um pouco. 


É ai que mora uma das poucas dores que carrego. Estas paixões não seriam fardos se eu conseguisse externá-las, ai está um grande problema - o bom é que dele nascem várias músicas e poesias que ainda me deixarão rico (risos) - mas isto é assunto para 11 anos atrás, quando entrei em uma gaiola e me tornei um gaiola, não vem ao caso. Não concordo que devamos fazer dos desastres do nosso passado uma barreira para as conquistas do presente. Enfim, como eu já ralei com isso. Minha última paixão ainda me dá náuseas. Eu me apeguei tanto a alguém que, achava eu, precisava de mim. Apaixonei-me por tudo nela e dela. Pensei que poderia ser a solução para a sua vida. Que poderia lhe dar outro rumo, até que um rumo antigo voltou a guiá-la até o seu destino. O pior é que ela nem ficou sabendo disso pela minha boca, até hoje. Apesar de achar que seu caminho antigo é o ideal para levá-la ao destino, sinto-me triste, debilitado, envergonhado, acabado. E tudo isso prejudica meu corpo, minha alma e minha mente. Não fico assim por eu não ter sido o caminho escolhido por ela, mas por não ter externado o que eu sentia: que poderia ajuda-la a caminhar. Isto parece ser tão simples. Acho que meia dúzia de palavras resolveriam. Ah, mas estas palavras não saem, dificilmente saem.

Começo a cogitar e concluir que: à semelhança de Madre Tereza, estou "gritando pelas ruas" ao tentar acalentar aqueles que "por ela gritam"; as palavras que não saem, não saem porque tem medo do momento que sucederá os "gritos", o silêncio. Talvez no silêncio eu não seja necessário. Tenho um Josimar inteiro para investigar. Mas deixo isto para depois do café da manhã, é melhor eu dormir agora.

4 comentários:

  1. "Estou esperando o dia que isso vai passar, esperando alguém que ocupe, distraia, desacorrente, solte, substitua, torne nada demais..." (Tati B.)

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  2. Nossa.. Descobri seu blog por acaso, mas ja virei fã.

    Me identifiquei mto com esse post, sou exatamente assim como vc, um animal extremamente emocional e me apego facilmente ao que disperta meu desejo. Bom saber que não sou a única no mundo.
    Abraços. Felicidades!
    Joyce Nascimento.

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  3. Hey, Joyce. Que bom que você gostou deste texto e blog. Fique a vontade para opinar. Felicidades!

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