terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nossa vã Filosofia

Entendam somente que eu brinco com as palavras...

Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas,  (Colossenses 2.8) e [...] não te estribes no teu próprio entendimento (Provérbios 3:5). Saiba que "ninguém vai me tirar, a alegria de viver; pode tudo acontecer, nada me fará afastar da esperança; só através do amor, o homem pode se encontrar com a perfeição dos sábios; uma ambição maior, mais do que pode supor: o império da razão; toda vã filosofia" (Roberto Carlos).




Para quem não sabe ou ainda não percebeu, eu era, até bem pouco tempo atrás, aspirante ao ministério pastoral presbiteriano. Todo processo durou cinco anos. Em 2004 (aos 17 anos) me apresentei como candidato, 2005 cursei o CPO (Curso Preparatório de Obreiros) em Patrocínio (MG) e de 2006 a 2009 estudei Teologia no Seminário Presbiteriano do Sul (Campinas - SP), depois, em 2010, permaneci por mais um ano, já licenciado, como auxiliar na Igreja Presbiteriana de Boa Esperança (MG). Não desprezo nenhum destes momentos. Tenho algumas críticas à precocidade de todo processo, porém sei que sou o que sou e estou aonde estou por causa de todo este processo. E, contrário ao que muitos pensam, sou imensamente grato a todos aqueles que fizeram parte deste processo. Mas, como não é novidade para estes, desisti do objetivo inicial de todo este processo.

Aqui mesmo neste blog eu já havia dito que uma hora falaria um pouco mais sobre essa minha "desistência", mas eu percebi que é muito complexo simplesmente se definir como membro de um novo grupo (materialista, ateu, cético, ateísta etc). Aliás, a última coisa que quero na vida são rótulos e bandeiras, mesmo sendo quase impossível não sermos rotulados ou ainda levantarmos bandeiras. Enfim, como diz o bom ditado, o buraco é mais embaixo.

Tentando não ser tão prolixo...

Tudo muda o tempo todo no mundo (Lulu Santos), ao mesmo tempo em que não há nada de novo debaixo do sol (Salomão). Mesmo ainda com meus vinte e poucos anos eu já percebo que a vida é uma imensa metamorfose cíclica, que nós somos formatados e reformatados a todo instante, não estamos imunes ao meio, somos um mosaico vivo, formados e reformados a cada amanhecer, nova leitura, música, paixão ou respirar. Eu não sou diferente disto, sou diferente e igual a todo mundo. Só.

Na análise de bons, ternos e eternos amigos, eu sou um daqueles que se deixaram levar pelas "vãs filosofias" e que se "estribaram em seu próprio entendimento". Mas como ser indiferente ao conhecimento dos sábios? Impossível. Chegou um momento eu que eu olhei "nos espelhos" que me ceravam todos os dias e vi quem eu deveria ser e o que as tantas pessoas esperavam de mim, isto acontece a todo momento, dentro ou fora do mundo religioso, porém, dentro dele, isto é mais saliente. O tempo todo você está preocupado em ser o modelo de pessoa que todos esperam que você seja, muitos esquecem-se até mesmo dos próprios ensinamentos "sagrados" que dizem seguir e simplesmente projetam em você toda a divindade que não existe neles. Isto é comum ao sacerdote, ele é o "contrário inverso" do mal que há em mim, ele é sacralizado, santo e imaculado. Este não era eu. 

Eu não era o Josimar de Souza Silva, eu era o Josimar da Maria, João, José, Instituição etc. Eu cria em coisas simples e poucas e aos poucos minhas pregações circulavam sobre coisas simples e poucas, virtudes simples que poderiam ser encontradas no mais duro coração, sem a necessidade de uma extraordinária conversão. As muitas e complexas não faziam parte do meu vocabulário e este era um grande problema, eu tinha que seguir O Vocabulário Programado.

Aos poucos o Josimar de Souza Silva foi exigindo, cada vez mais alto: hey, eu nasci primeiro, não posso ficar aqui trancado, deixe-me sair. Os "Josimares" de foram exclamavam: você é mal, fique aí, o mundo é melhor sem você, as pessoas gostam mais de nós/mim.

É claro que os Josimares não eram maus, mas no mínimo opressores do Josimar. O Josimar, por sua vez, um escravo conformado. Mas como "ignoratia legis neminem excusat", o Josimar também era parte daquele todo e jamais poderia alegar inocência ou ignorância.

Será? Não sei, ainda é cedo para definir. Será?

O fato é que como eu também "acredito que errado é aquele que fala o correto e não vive o que diz" (O Teatro Mágico), então eu morri. Caso o contrário, em pouco tempo eu seria obrigado a falar o correto que não concordava e encená-lo no lugar da vida. E não esperava ser como os tantos que eu via, nos altos postes, falando com autoridade sobre coisas tão banais.

A grande inconveniente de tudo isto é a luz que ofusca os olhos vendados que não conseguem enxergar as letras garrafais que sempre estampei: façamos tudo pelo bem do outro, a recíproca ascenderá a todos.

E há condenação para isto? 

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