segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Impacto Social da Religiosidade (parte 2)


O Comportamento Religioso
http://2.bp.blogspot.com/_eXHHvaE85co/TPkmeyTxhUI/AAAAAAAAAYw/IYIyauqbGqA/s200/conhecimento3.jpgAo observar o comportamento dos grupos religiosos eu percebi o quanto a religiosidade tem um papel importante dentro da sociedade. O caso de José é fictício aqui, mas real no dia a dia. Muitas pessoas têm abandonado a apatia à religião e se tornado pessoas religiosas.

O "biotipo" destas pessoas é quase sempre o mesmo. A maioria dos religiosos foi/é formada por pessoas com hábitos repudiados por elas mesmas ou por outras pessoas. A maioria dos religiosos foi/é formada por pessoas outrora dominadas por vícios e traumas. É claro que há aqueles que não foram/são viciados ou aprisionados por seus traumas, mas a maioria comeu “o pão que o diabo amassou com o rabo”, enfim foi vítima do nosso “belo quadro social” (Raul Seixas) e das intempéries da vida.

Nas religiões cristãs, nas quais tenho mais conhecimento, apresenta-se um Deus que é um pai bondoso, que adota o homem perdido e rejeitado (Cartas de Paulo aos Efésios 1.5, aos Gálatas 4.5 e aos Romanos 9.4*). Este pai adotivo que cuida de seus filhos age com amor todos os dias. De sua disciplina emana amor. Por amor a estes filhos adotivos este pai entregou seu único filho à morte (O Evangelho Segundo João 3.16*). Este filho legítimo morre e ressuscita pelos recém adotados, legitimando a adoção dos que antes estavam perdidos. Através deste filho todos os demais são aceitos e podem correr para os braços do pai, os quais estão sempre abertos a espera destes filhos.

Como vimos no caso de José e sua esposa (aquele choro era a conversão deles), a imagem do Deus–pai é muito importante na vida dos seres humanos. Na maioria dos povos a imagem do pai tende a ser mais ausente, pois o macho sai à caça para sustentar sua fêmea e suas crias, enquanto a fêmea fica no ninho cuidado destas crias.

O Deus-pai tem um significado muito importante na vida da pessoa que teve ou tem um bom pai, pois esta pessoa pode identificar em Deus a mesma proteção paterna e ainda o amor e carinho maternos. A vida espiritual destas pessoas geralmente é muito mais “fervorosa”, pois Deus é o bom pai eterno que não se limita a esta vida.

Já para a pessoa que teve (ou tem) um pai ausente que vivia bêbado, violentou-a, espancou-a, maltratou sua mãe, ou seja, que de forma alguma a protegeu, a imagem do Deus-pai pode alcançar um dos extremos: “Deus é o pai que eu nunca tive” ou “eu não confio na figura do pai”. Deste segundo grupo de pessoas Deus tem que ganhar a confiança e mostrar para elas que “os pais não se esquecem dos filhos que ainda mamam, mas ainda que estes venham se esquecer dele, todavia, o Deus-pai nunca se esquecerá” (Isaias 49.15).

No livro “A Cabana” o personagem principal, Mack, encontra-se com Deus e se surpreende com a imagem que encontra. O Excelso Intocável Soberano Deus-pai aparece em forma de uma mulher negra e gorda, que ama a culinária. Deu-se o primeiro impacto conceitual. Depois Mack tem a dificuldade de chamar a Deus de papai, assim como Sorayu (Espírito Santo) e Jesus. Por que isto acontece? Porque a imagem de pai era deturpada para Mack, pois seu pai não havia sido um bom pai. O livro termina de forma surpreendente, a quebrar muitos paradigmas estabelecidos pelas religiões. Somente quando Deus refaz a imagem de pai para Mack e ainda lhe promove um encontro mágico com seu pai da terra que Mack consegue o ver como papai.

Talvez José tenha se alienado em relação a muitas coisas, como dizem os mais críticos aos religiosos: adquirido conceitos e pré-conceitos. Mas o fato é que a relação de José com sua família mudou, sua disciplina mudou, sua dedicação ao trabalho mudou, enfim todo o seu quadro social foi alterado.

Dentro da Igreja José aprendeu que deveria ser um esposo exemplar, um pai presente, um servo de Deus e um contribuinte fiel. Isto mesmo, contribuinte fiel. Uma pessoa que adota as “ambições” dos religiosos tende a evoluir socialmente.

Acompanhem meu breve raciocínio. Um homem que não dava tanta atenção aos seus filhos e esposa agora aprende que deve cuidar bem de sua família. Dentro das igrejas cristãs se ensina que os filhos devem ser criados nos caminhos de Deus, que as esposas devem ser amadas como se ao próprio Deus, que o homem deve governar sua casa com dignidade e respeito, pois isto é digno diante de Deus (Carta de Paulo aos Efésios, 5).

Quanto aos tão criticados dízimos e ofertas o que acontece também é surpreendente. Dentro das igrejas cristãs se ensina que 10% de sua renda devem ser devolvidas a Deus, pois é um de seus mandamentos (O Livro do Profeta Malaquias, 3.10*). Ainda ensinam que não se deve gastar o dinheiro naquilo que não é pão, ou seja, necessário à vida do homem (O Livro do Profeta Isaías, 55.2*) e muito menos para sustentar seus vícios, os quais devem ser abandonados (Carta de Paulo aos Gálatas, 5.19-26*). O que acontece? A pessoa que antes gastava dinheiro com cigarro, bebida, prostituição e jogos, por exemplo, agora não gasta mais este dinheiro que é um extra em sua renda.

Então entra o segundo passo, a pessoa aprende a separar 10% de sua renda para “devolver a Deus” (o que em alguns casos é o dinheiro que não é mais gasto com os vícios citados a cima). Antes ela não tinha controle de nada, agora aprende a separar o dinheiro para isto, aquilo e aquilo outro, pois se ela não fizer isto talvez Deus fique sem sua parte e isto pode atrais “maus presságios”. Uma pessoa que consegue reajustar sua renda para “devolver a Deus” 10% de tudo que recebe ganha uma nova disciplina em sua renda pessoal e familiar. A partir daí é mais fácil controlar o dinheiro para trocar de carro, fazer reformas e adquirir mais conforto. Aliás, para os cristãos a prosperidade está sempre no alvo, pois “uma família abençoada é uma família próspera”.

Ainda que não concordemos com muitas coisas dentro do pensamento religioso devemos admitir que há algo positivo na conversão de uma pessoa a uma vida religiosa. Entremos nos bairros mais pobres e comparemos o nível de vida das famílias mais religiosas – principalmente no caso das evangélicas tradicionais e neopentecostais. As pentecostais, infelizmente, tendem a exaltar a pobreza como sinal de humildade moral.

A religiosidade de fato aliena a pessoa. Há muitos guetos religiosos que  deveriam comprar um terreno, fechar com um muro e viverem isolados com suas leis, comércio e outras atividades. Mas como isto não é possível, pois gastaria muito da suada côngrua pastoral (procure isto no Google), estes religiosos de mente fechada continuarão a viver entre nós, contra tudo e todos que não são de suas respectivas religiões, contudo, que haja a evolução social, a erradicação da pobreza através de uma "santa ambição" conquistada honestamente, reconstrução da união familiar, retomada da fidelidade e amor conjugal e outras virtudes perdidas pelo “homem ambicioso de espírito pobre que só pensa no dinheiro e não liga para a morte, a morte do futuro...” (Gabriel o Pensador)

* Bíblia Almeida Revista e Atualizada

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