segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

O paradoxo da abundância: a inevitabilidade da renda universal na era da IA

Superfantástico amigo, aproveite a viagem!

Em 2025, finalmente entramos naquele futuro onde a automação e a inteligência artificial redefiniriam as bases da produção global. Entramos na fase de aceleração da desvalorização da mão de obra humana, cada vez menos necessária para fabricar bens materiais e intelectuais.

Contudo, com a escassez de empregos, surgirá aos poucos um abismo no poder de compra da população. Sem salários, a engrenagem do consumo pode travar, ameaçando colapsar todo o sistema produtivo.

Os detentores do capital já perceberam que a eficiência das máquinas é inútil sem consumidores, pois produtos estocados não geram lucro. É a exploração do consumo que mantém o capitalista.

Nesse contexto, a renda média universal torna-se a única saída viável. Ela garante que a população tenha recursos para consumir o que a automação produz incansavelmente.

Isso evita a falência dos próprios bilionários, que dependem do fluxo financeiro. Se não viabilizarem o consumo das massas, eles perderão suas fortunas para a estagnação econômica.

Estamos presenciando a hipérbole do capitalismo em seu estágio final: o acúmulo de capital atinge um teto onde reter dinheiro se torna um ato financeiramente suicida. Não há mais nada para comprar no mundo. Ou investe em na colonização de Marte ou na prevenção da exitnção da classe trabalhadora!

Não há mais o que fazer com tanto dinheiro senão a redistribuição. O capital precisa circular para ter valor, forçando uma generosidade estrutural vinda dos mais ricos.

Essa nova realidade econômica desenha contornos quase místicos na sociedade. Estamos materializando, através da engenharia e do prompt, as promessas de paraísos religiosos no mundo terreno?

Estamos, finalmente, chegando em uma era onde poderemops viver plenamente sem a angústia da subsistência diária?



O dilema da natalidade

Se a sobrevivência é garantida e o tempo é livre, a lógica biológica sugere uma explosão populacional. Afinal, a busca pela indepedência.

No entanto, o paradoxo demográfico atual mostra que quanto maior a escolaridade e a renda, menor a natalidade.

Nesse novo mundo, o "direito à renda" pode vir atrelado a um contrato social de "responsabilidade reprodutiva". 

Com IAs calculando a capacidade de suporte do planeta, os Estados podrão definir cotas ou incentivos para o não-crescimento populacional — um ataque frontal às crenças majoritárias.


O dilema da sustentabilidade

Mas como consumir sem exaurir a Terra?

Se o consumo é necessário para girar a economia (para que os donos das máquinas lucrem), ele não pode ser baseado na extração infinita de matéria-prima. Talvez tenhamos uma Inteligência Artificial fazendo a gestão de uma economia circular, onde o desperdício é zero. O produto não é "jogado fora", mas desmontado e reintegrado pela automação.


O dilema da guerra

E as guerras? Haverá motivos?

A guerra tradicionalmente ocorre por disputa de território (recursos) ou ideologia. Se a energia é abundante (via fusão ou renováveis) e a produção é local (impressão 3D e automação), a necessidade de invadir o vizinho diminui.

Isso tem cheiro de uma "Pax Technologica". O perigo, porém, residirá nos controladores de IAs Centrais.

O estado de harmonia e ausência de conflitos ou violência sistêmica na sociedade dependerá de um Contrato Social 2.0 para diferentes níveis estruturais e relacionais. Afinal, se Hobbes e Kant ainda estiverem certos, sempre haverá motivo para guerrear, pois a paz não é um estado natural.


O dilema do crime

Se eliminarmos a escassez, eliminamos o roubo? Em grande parte, sim. Mas o crime, como fenômeno social, provavelmente sofrerá uma mutação em vez de uma extinção.

Neste "Éden Tecnológico", a motivação para o crime deixa de ser a sobrevivência e passa a ser a psicologia e o status.

Isso nos leva a uma questão final sobre a condição humana: o que faremos com o tempo? 


O dilema do sentido da vida

Essa é a fronteira final! Se a luta pela sobrevivência for vencida, a humanidade enfrentará o seu adversário mais difícil: o tédio e o vazio existencial.

Sem a obrigação do trabalho, o modelo mental de "produzir para ser útil" colapsará. Entramos na era do ócio criativo e da busca por significado intrínseco. Eis como a sociedade deverá se reorganizar para não mergulhar em uma depressão coletiva:

1. A renascença do "fazer por fazer": no futuro, o valor migrará para o processo, independente do produto final;

2. O retorno do artesanato: mesmo que um robô possa imprimir uma cadeira perfeita em segundos, o ser humano dedicará semanas para entalhar uma cadeira de madeira imperfeita — o "erro humano" será como uma assinatura de alma;

3. A era dos hobbies profissionais: daremos status social a "quem cultiva as melhores orquídeas" ou "quem escreve a melhor poesia", e não de quem tem o carro mais tecnológico;

4. A exploração do "inner space" e do cosmo: com o tempo livre, a curiosidade humana, antes reprimida pela rotina de 6h às 19h, será liberada para olhar para dentro de si, dos outros, para o céu e para o horizonte;

5. Educação perpétua: aprender não será mais uma etapa para conseguir um emprego, mas o próprio objetivo da vida. Quem conseguir extrair as reflexões mais profundas acerca da vida será elevado — afinal, os cálculos não nos pertencerão mais.

Chega! 

No balão mágico, o mundo fica bem mais divertido, não é mesmo?

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

COP 30 e a revolução silenciosa: como pequenos negócios conquistam o consumidor verde com sustentabilidade de verdade

A COP 30 em Belém posiciona o Brasil no centro da discussão global sobre mudanças climáticas. O foco do evento é inequivocamente a preservação florestal e o combate direto ao desmatamento na Amazônia.

No entanto, essa visibilidade global impulsiona a necessidade urgente de uma transição acelerada para uma economia com muito menor produção de carbono em diversas áreas. A conferência atua como um catalisador robusto para a criação e consolidação de novos modelos de negócios verdes.


O imperativo ESG e as oportunidades pós-conferência

Após eventos internacionais de grande escala como a COP 30, o foco de investidores e financiadores migra para as práticas ESG. Não é difícil notarmos o crescimento de empresas que buscam demonstrar compromisso ambiental, social e de governança.

Para as PMEs, essa fase ganha um peso enorme, pois alinhar as operações com sustentabilidade é um desafio que impacta diretamente nas estratégias de crescimento. Nesse sentido, maquiar ações para criar distrações pode ser um enorme tiro no pé!


A PME como agente de mudança

Atingir as ambiciosas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa exige o engajamento de toda a cadeia produtiva. Não basta a ação apenas das grandes indústrias, que já lideram em investimento e escala.

As PMEs e as redes de distribuição representam o vetor final para aplicar a economia de baixo carbono no cotidiano. Elas garantem que a transição ocorra na ponta do consumo, impulsionando os pilares social e de governança.

Mas como atender ao desafio da sustentabilidade sem o poder de uma grande corporação? 


Destacamos algumas práticas acionáveis:

1. Logística inteligente e descarbonizada

Investir na substituição de veículos a combustão por frota elétrica é uma decisão financeiramente inteligente. A migração reduz custos operacionais significativamente e aumenta a lucratividade imediata. Isso porque o consumo de energia elétrica é muito mais baixo, sendo até 70% mais barato que o diesel ou a gasolina. Adicionalmente, veículos elétricos possuem menos peças móveis e exigem menos manutenção.


2. Incentivo à mobilidade coletiva

O tradicional vale-transporte, obrigatório pela CLT, pode ser transformado em uma poderosa ferramenta de sustentabilidade corporativa. Incentive os colaboradores a evitar o uso de seus carros próprios e o tráfego urbano.

Essa ação reduz a emissão de gases e contribui diretamente para a melhoria da mobilidade urbana sustentável. O transporte coletivo é também um agente crucial de inclusão social, garantindo acesso ao trabalho e educação.

É possível ir além da obrigação, oferecendo workshops sobre mobilidade urbana e incentivando o uso de bicicletas. Pesquisas internas sobre o deslocamento dos funcionários otimizam as ações de mobilidade.


3. Infraestrutura eficiente

A instalação de aquecedores solares é uma prática acessível e viável para pequenos comércios, restaurantes ou escritórios, que podem utilizar a energia do sol para aquecer a água, gerando grande economia na eletricidade.

O mercado oferece kits solares modulares com tubos a vácuo ou placas, adequados a diferentes escalas de negócio. Placas fotovoltaicas produzem energia elétrica limpa, diminuindo drasticamente a conta de luz no final do mês.

Essa transição representa um compromisso real com o uso de energia renovável, fundamental para mitigar o impacto climático. Lâmpadas de LED complementam a estratégia, oferecendo alta durabilidade e significativa mais economia de energia.


4. Arquitetura verde e áreas de preservação

A arquitetura sustentável promove maior eficiência energética nas edificações e o uso racional da água. Ela é um diferencial, reduzindo emissões na cadeia produtiva e o descarte de resíduos sólidos.

A preservação e integração de espaços verdes nos ambientes urbanos alinham-se aos pilares do ESG. Estas áreas melhoram o bem-estar humano, a qualidade do ar e a resiliência das cidades.

Plantas absorvem dióxido de carbono e ajudam a regular a temperatura dos edifícios, reduzindo a necessidade de ar-condicionado. Telhados verdes e fachadas vivas mitigam problemas como ilhas de calor urbanas e melhoram a biodiversidade local.


5. Gestão circular de insumos e resíduos

Para negócios de alimentação, é crucial elaborar cardápios que promovam o aproveitamento integral de todos os insumos.Utilize talos, cascas e aparas em caldos, sucos ou sobremesas, evitando o desperdício na cozinha.

A padronização de receitas com fichas técnicas é vital para evitar desperdícios, assim como o controle diário de sobras. Adote o protocolo PVPS: Primeiro que Vence, Primeiro que Sai, para o armazenamento eficiente!

Trabalhar com alimentos orgânicos ou plantar ingredientes no local atrai um público alinhado e agrega valor ao negócio. A escolha de fornecedores com práticas sustentáveis reforça a ética da cadeia.


6. Composteiras

A compostagem em comércios e restaurantes reduz drasticamente o volume de resíduos orgânicos enviados a aterros sanitários. Essa prática diminui a emissão de gases de efeito estufa, notavelmente o metano, e contribui para a economia circular.

Restaurantes que adotam a compostagem podem reduzir custos com descarte e utilizar ou vender o adubo orgânico gerado. A economia e a geração de adubo contribuem para a gestão eficiente de recursos.

A prática fortalece a reputação da marca, demonstrando responsabilidade ambiental perante os clientes atentos. PMEs podem formar redes de colaboração, compartilhando composteiras ou contratando serviços conjuntos para otimizar custos.


Greenwashing: a farsa que destrói reputação no mercado

Greenwashing define a prática de marketing enganosa, onde empresas constroem uma imagem ambientalmente responsável que não condiz com suas ações reais. Esta prática é um risco existencial para a reputação, especialmente após a intensificação do debate climático pela COP 30.

O Greenwashing gera uma crise de confiança, pois o consumidor moderno está ativo e exige alinhamento ético das marcas. A era da retórica vazia chegou ao fim, exigindo transparência radical e verificação de claims.

Empresas precisam de certificação verificada para comprovar o impacto real de suas práticas ambientais. A ausência de autenticidade pode levar à perda de credibilidade e boicotes diretos.

Pesquisas de 2024 revelaram a extensão da falha do mercado brasileiro em ser transparente sobre o impacto ambiental. Estima-se que 85% das alegações ambientais em produtos de tecnologia constituíam Greenwashing.

Quase tudo que é vendido como "verde" pode ser meramente uma fachada para atrair o crescente público consumidor. O setor de eletrônicos, por exemplo, viu a certificação verificada despencar drasticamente em dez anos.

Em 2014, 47% dos produtos tinham certificações, mas em 2024 esse número caiu para apenas 9%.18 Essa regressão demonstra uma aposta preocupante no discurso ambiental em detrimento da ação verificada.

Exemplos globais mostram que grandes marcas caíram em alegações insinceras ou inverificáveis sobre emissões e reciclagem. A integridade da comunicação é fundamental para a sobrevivência e a conquista da confiança.

O consumidor não é mais inerte; ele está ativo em relação ao consumo e ao posicionamento ético das marcas:

  • 87% desejam que os produtos sejam mais sustentáveis.

Ser verdadeiramente verde tornou-se uma demanda coletiva e um fator decisivo na escolha de consumo. A sustentabilidade não é uma opção mercadológica, mas sim uma exigência para a competitividade e sobrevivência.


Marketing especializado e a perspectiva sociológica

O marketing de sustentabilidade vai além da publicidade, ele exige o alinhamento completo das operações da empresa ao propósito. O propósito não é um slogan, mas a própria execução do negócio.

Adequar processos ao conceito de desenvolvimento sustentável é a chave fundamental para a sobrevivência e diferença competitiva. A sustentabilidade deve ser sistêmica, e não uma iniciativa isolada de Relações Públicas.

A comunicação deve focar em dados verificáveis, como economias operacionais e reduções de carbono, em vez de frases vazias. Isso constrói uma narrativa legítima e resistente ao ceticismo do consumidor.

A complexidade da crise climática e social exige uma compreensão profunda das dinâmicas sociais e do comportamento humano. As soluções ambientais estão intrinsecamente ligadas ao impacto social e aos direitos humanos.

Por isso, profissionais de humanidades, como sociólogos, trazem uma lente analítica essencial para decodificar a demanda coletiva. Eles entendem as nuances socioambientais, o direito à cidade e a diversidade, elementos cruciais pós-COP 30.


O legado de Belém e a concorrência por propósito

A realização da COP 30 marca um novo e decisivo momento para o mercado global e brasileiro. O evento não é um ponto final, mas sim o início de uma nova realidade de concorrência baseada no propósito real.

A inovação e a sustentabilidade são imperativos essenciais para a sobrevivência e a diferenciação dos negócios no futuro imediato. As empresas devem aproveitar o foco internacional para buscar novas oportunidades de negócios.

As PMEs que abraçarem as iniciativas de baixo carbono que brotarão da COP 30 se posicionarão na vanguarda do mercado. O consumidor verde, um público crescente e altamente exigente, votará com a carteira, premiando a transparência e a ação real.


Você conhece a Laborar Social e Mídia? É uma empresa criada para unir serviços de elaboração de projetos sociais, socioambientais, endomarketing, comunicação e marketing para ser um diferencial na trajetória de empresas que querem ser agentes de transformação positiva no mundo.

Se sua marca precisa de um plano estratégico para engajar o consumidor verde e construir uma sustentabilidade real e verificável, conte com a expertise analítica e de conteúdo da Laborar.

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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A Black Friday do futuro: consumo digital, realidade aumentada e o renascimento da loja física no Brasil

A Black Friday consolidou-se no Brasil como a principal data do varejo, com um apelo massivo no ambiente digital. 

O consumidor brasileiro, habituado à conveniência do clique e à comparação de preços online, vê na última sexta-feira de novembro a oportunidade perfeita para migrar suas compras para o e-commerce. 

Mas o que esperar da próxima onda de consumo na Black Friday e como a loja física pode se reposicionar neste cenário?

O domínio digital

No Brasil, a Black Friday é, sobretudo, uma festa digital. O consumidor espera:

  • Mega descontos: com foco está na guerra de preços e no volume de vendas em plataformas de e-commerce e marketplaces;
  • Experiência mobile-first: que promova uma jornada de compra é dominada por smartphones, desde a pesquisa de produtos até a finalização do pagamento;
  • Logística otimizada: espera-se por fretes rápidos e baratos, ou até gratuitos, é um diferencial crucial que apenas a infraestrutura digital consegue prometer em larga escala.

O consumo digital, no entanto, está evoluindo para além do simples clique. Ferramentas como Realidade Aumentada (RA) e provadores virtuais, que permitem "experimentar" produtos digitalmente, diminuem a barreira da compra online, reduzindo as devoluções e aumentando a confiança do consumidor. 

A Black Friday do futuro será cada vez mais integrada e multissensorial, mesmo que digital. 

Nesse cenário, quais as oportunidades para lojas físicas

Embora o digital lidere as vendas de Black Friday, as lojas físicas não estão fadadas ao esquecimento. Elas possuem um trunfo que o e-commerce não tem: a experiência tátil e sensorial.

A chave para o sucesso das lojas físicas nesta data é a integração phygital (físico + digital) e o foco em serviços que o online não pode entregar:

1. Transforme a loja em um ponto de experiência (e retirada)

  • Click & Collect: promova a loja como o melhor e mais rápido ponto de retirada (pickup). O consumidor compra online para garantir o preço e retira no mesmo dia, eliminando a espera do frete.
  • Estoque exclusivo no ponto físico: Use a loja para ofertar produtos de grande volume ou itens de alto valor que o consumidor prefere ver e tocar antes de finalizar a compra.


2. Use a tecnologia para gerar vendas cruzadas (cross-selling)

  • Vitrine aumentada: use QR Codes na vitrine que direcionam para ofertas exclusivas online, criando uma ponte entre os mundos.
  • Assistência especializada: aproveite o conhecimento dos vendedores para oferecer consultoria. A loja não é só um local de venda, mas de solução de problemas (ajuste de roupa, demonstração de eletrônicos, teste de maquiagem).


3. Crie eventos de curto prazo e especiais

  • Pré-vendas exclusivas: ofereça a clientes fidelizados a chance de experimentar as ofertas da Black Friday fisicamente antes de elas irem para o digital.
  • Ative os sentidos: ofereça café, música ou até pequenas demonstrações de produtos para criar uma experiência de compra agradável, reduzindo a sensação de caos e pressa típica da data.


Para a loja física, a Black Friday não deve ser vista como uma competição direta de preço com o e-commerce, mas sim como uma chance de ouro para provar seu valor insubstituível: a interação humana e a gratificação imediata.


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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

COP30 e a urgência da sustentabilidade no marketing: reflexão

 A Conferência das Partes, a COP, é o órgão máximo de decisão da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ela reúne anualmente os países signatários para implementar os compromissos de combate à crise climática. 

Em 2025, a COP30 será sediada em Belém, no coração da Amazônia brasileira.

Para além das negociações diplomáticas, este evento global oferece uma lente de aumento para as empresas, especialmente as de marketing, sobre como a sustentabilidade e os critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) estão redefinindo a sociedade de consumo.


O que é a COP 30 e por que ela é relevante para o mercado?

A UNFCCC foi aberta para assinatura na Rio-92 e inaugurou o regime multilateral de resposta ao aquecimento global. Este regime se baseia no princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, onde países desenvolvidos devem liderar os esforços de redução de emissões e oferecer recursos (financeiros e tecnológicos) para nações em desenvolvimento.

Os debates na COP se estruturam em cinco pilares fundamentais:

  • Mitigação: redução das emissões de gases de efeito estufa;
  • Adaptação: capacidade de se ajustar aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima;
  • Financiamento: mobilização de recursos para ações climáticas;
  • Tecnologia: desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas;
  • Capacitação: fortalecimento de habilidades e conhecimentos.


Além disso, a agenda atual inclui temas críticos como:

- perdas e danos;

- transição justa;

- gênero;

- povos indígenas;

- juventude.


Relevância para o marketing

A pauta da COP traduz as maiores preocupações globais e da Geração Z, informando as expectativas de consumo. 

As marcas que não endereçam estes pilares, especialmente a mitigação e a transição justa, arriscam a reputação e a fidelização de consumidores.


Algumas lições da COP30 para o marketing que podemos esperar

O marketing moderno não pode mais tratar o ESG como um checklist de compliance. Ele precisa ser a própria espinha dorsal da narrativa da marca. Podemos esperar alguns desafios para este setor após a COP 30:


1. Transparência e responsabilidade no clima

O Acordo de Paris, adotado na COP21 em 2015, inovou ao exigir que todos os países apresentem periodicamente suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), detalhando as ações climáticas que pretendem realizar. A implementação destas ações é acompanhada por um regime reforçado de transparência.

Lição: as empresas devem adotar a mesma transparência. 

As promessas de sustentabilidade (green claims) precisam ser baseadas em dados concretos (como os relatórios do IPCC)  e serem verificáveis. O greenwashing é rapidamente desmascarado por consumidores que buscam um regime reforçado de transparência.


2. A evolução da experiência: do digital ao físico (sustentável)

Enquanto a COP discute a crise climática no mundo físico, as empresas estão migrando do digital para o presencial. A expansão da Netflix com as “Netflix Houses” – parques temáticos permanentes em Dallas e Filadélfia – é um exemplo dessa busca por pontos de contato físicos altamente envolventes.

Lição: a experiência de consumo presencial deve ser inerentemente sustentável. Não basta ter um produto digital; a presença física (varejo, gastronomia e entretenimento)  precisa refletir os valores do ESG. Isso pode ser feito por alguns pilares:

  • Pilar Ambiental (E): o local físico deve ter uma pegada de carbono neutra ou negativa;
  • Pilar Social (S): garantir a inclusão, acessibilidade e promover uma transição justa em sua cadeia de valor;
  • Pilar de Governança (G): assegurar que os parceiros (fornecedores de alimentos, construtoras) sigam as melhores práticas.


3. Integrando a cultura: gênero, juventude e povos originários

O regime climático da UNFCCC tem ampliado o foco para incluir temas de justiça social e grupos vulneráveis.


Lição: o conteúdo cultural de uma marca deve refletir os valores da COP. As campanhas devem ser inclusivas e abordar a diversidade (gênero, juventude).

A marca deve respeitar os direitos e o conhecimento de povos originários e comunidades tradicionais, especialmente em cadeias de suprimentos que dependem de recursos naturais.


Em suma, a COP30 sinaliza que o sucesso empresarial na próxima década dependerá da capacidade de alinhar a estratégia de marketing e ESG com as urgências climáticas e sociais do mundo real

Marcas que transformam a sustentabilidade em uma experiência real, imersiva e transparente, serão as que verdadeiramente conquistarão a fidelidade do consumidor moderno.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Geração Alfa (2010–2024): os nativos digitais que estão redefinindo o consumo e o trabalho

 

A Geração Alfa é composta por indivíduos nascidos a partir de 2010 até 2024. Ela é a primeira geração nascida inteiramente no século XXI. 

Embora ainda estejam na adolescência e pré-adolescência, com um olhar antropológico bem ajustado já podemos traçar algumas tendências de como os sucessores da Geração Z irão se comportar tanto no mundo corporativo e no mercado de consumo.

Diferentemente das gerações anteriores, que se adaptaram à tecnologia ao longo do tempo, os Alfas nasceram totalmente imersos em um ambiente de dispositivos digitais, inteligência artificial (IA) e automação. 

Para eles, um mundo analógico é praticamente inconcebível, pois cresceram em um contexto de hiperconectividade e digitalização avançada. Essa imersão não poderia moldar visão de mundo e o comportamento de outra maneira: eles são mais do que nativos digitais, são hiperconectados.

Em 2024, a Geração Alfa chegou a 2,8 milhões de nascimentos por semana. Hoje, eles somam cerca de 2,5 bilhões de pessoas. No Brasil, essa geração já representa 17% da população e seu poder de compra já alcança a marca de US$ 360 milhões anuais.


Gen Alpa: educados, entretidos e conduzidos por influenciadores digitais

Muitos Gen Alfa são filhos dos Millennials (Geração Y) e nascem como "celebridades" devido à exposição que seus próprios pais, que são influenciadores, promovem nas redes sociais desde a infância. 

Recentemente, vimos como a denúncia do influenciador Felca causou um abalo nos debates políticos no Brasil. A reflexão sobre a dultização de crianças acendeu o alerta sobre a hiperexposição. 

O tempo de exposição às telas também veio à cena. É perceptível que a Geração Alfa é a mais afetada. É ela quem tem a maior luta contra o vício em dopamina gerado pelas telas — tática utilizada estrategicamente por conteudistas, especialmente os influenciadores digitais.


Consumistas de conteúdos


O consumo de conteúdo dos Alfas está profundamente ligado à sua natureza hiperconectada. Eles valorizam o compartilhamento de visões e opiniões com outros, mais do que a Geração Z. 

Suas interações sociais tendem a expandir-se no ambiente virtual. As habilidades sociais dessa geração se aprimoram, principalmente, nos ambientes digitais e virtuais. Eles são os donos e os alvos de aplicativos como Discord.

Essa característica terá um impacto significativo nas rotinas de trabalho futuras. Essa geração cresce interagindo naturalmente com assistentes virtuais, IA e automação. 

No mercado de trabalho, eles provavelmente verão a Inteligência Artificial não apenas como uma ferramenta, mas como uma parte integrante de seu processo produtivo.

Eles valorizam a autonomia e buscam soluções que a incentivem. Interessantemente, pesquisas indicam que eles também são os que melhor conseguem desligar das redes quando se sentem exaustos. Mais de 
70% dos Alfas preferem sair e se exercitar, ou usar menos tecnologia, como formas de se desconectar e ajudar sua saúde mental.

Impacto da Geração Alfa no consumo familiar e mercado de trabalho

A Geração Alfa, por ser o maior grupo de indivíduos da história, está redefinindo as relações de consumo e a dinâmica familiar. Eles já movimentam em média R$ 268 por mês no Brasil

O interessante é que, devido à queda na taxa de fecundidade, esses adolescentes nascem majoritariamente como filhos únicos. Como consequência, ganharam autonomia em muitas áreas de consumo, como lazer e entretenimento digital.

Entre eles, o favoritismo por marcas como Netflix (46%) e Disney (43%) é maior do que o da Geração Z.

Vejamos algumas características do perfil da Geração Alfa:
  • Busca por propósito e impacto: eles darão mais importância a questões globais, como mudanças climáticas e sociais, buscando trabalhar em empresas com impacto social e ambiental tangível;
  • Mentalidade de trabalho por projeto: ao contrário de gerações com a ideia de carreira estruturada, os Alfas tendem a trabalhar por projetos, usando habilidades específicas e mudando de função com frequência. Empresas precisarão se adaptar a essa mentalidade mais flexível;
  • Habilidades valorizadas: com a automação de tarefas repetitivas, o diferencial dessa geração será a capacidade de inovar e se adaptar rapidamente. Criatividade, resolução de problemas e pensamento crítico serão habilidades-chave;
  • Aprendizado contínuo: o conceito de estudar para uma única profissão será substituído pelo aprendizado constante (aprender a aprender), impulsionado pelo avanço da IA e da educação digital.
O mercado tem um grande desafio com os Alfa. Entendê-los bem deve estar na mesma prateleira da Geração Z, a queridinha dos analistas. Esquecê-los e correr riscos de competitividade.

Conclusão: perspectivas para o consumo e trabalho


A Geração Alfa representa um ponto de inflexão no consumo. As marcas que desejam se conectar com esse público devem investir maciçamente em uma experiência digital que seja fluida, integrada e com propósito. 

Não basta somente ter presença online, é necessário oferecer um ambiente que seja parte do processo de compras e onde as experiências físicas e digitais sejam personalizadas.

No mercado de trabalho, as empresas deverão adotar uma abordagem mais ágil e flexível para suas contratações, refletindo o interesse da geração por projetos e o desenvolvimento de habilidades como criatividade e pensamento crítico. 

Acima de tudo, as marcas precisam alinhar seus valores a um impacto social e ambiental tangível, pois os Alfas buscarão empresas que demonstrem responsabilidade com questões globais. 

A próxima onda de sucesso no mercado dependerá de quão bem as marcas entendem e atendem a essa geração hiperconectada e orientada por valores.

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domingo, 12 de outubro de 2025

Dia das Crianças que não tiveram um dia

 


Muitas coisas deram errado, Josi. Mas muita coisa boa aconteceu até aqui.

Lembra do Chico, o gato? Você tem 6! 

O Frajola Frederico é o mais velho, tem 8 anos. Aos 3 ele arrumou uma namorada que que mora com a gente, a Pelúcia Catarina. O Damon Salvatore é um lorde: elegante e sério, mas carinhoso. São três frajolas lindos.

Recentemente, 3 meninos bateram aqui na porta pedindo abrigo: Sirius Black, Sol Martins Alfenas e Flow Remelengo.

A vida foi tão barulhenta que hoje você só quer paz e silêncio. Acho que por isso de tanto gato!

Ah, o silêncio! Você ama o silêncio.

Ah, a paz! No que depende de você, é só paz!

Acho que poucas pessoas se conhecem tão bem. Aponia e ataraxia! Esse é você!

Você foi a criança mais forte que já conheci. Mas tenho uma notícia ruim para te dar: em dois ou três anos após essa sua formatura vai acontecer uma coisa muito ruim. Mas não foi culpa sua.

Você vai ficar um pouco perdido. Vai ficar com medo, inseguro e se sentido péssimo. Mas, repito: não foi culpa sua.

Guarde esse nome: Maria das Graças. A sua madrinha será uma das pessoas mais incríveis que você vai conhecer. Grave na memória o rosto dela sorrindo.

Tenho muita coisa para contar. Mas você vai descobrir cada uma delas no nosso tempo. Por hoje, basta dizer que assim como Diógenes (que você ainda vai conhecer), você só quer que saiam da frente do seu sol.

Ah, você sorri o tempo todo (não nessa foto 2025, especificamente). Mas pode acreditar: esses dentinhos de 1994 continuam a brilhar.

Você ama ver as pessoas sorrindo, rindo e gargalhando! Tem coisa que você fala que até você duvida.

Feliz Dia das Crianças, Josi!

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

A Gen Z está aderindo ao lifestyle católico: espiritualidade com símbolos, tradição e solidez histórica

Analisar a Geração Z requer muita atenção. É preciso observar este recorte geracional como o menos homogêneo de todos, e o mais multifacetado até agora. Talvez por isso seja tão comum erros no marketing ou em reflexões sociológicas ao tratar a Gen Z. 

Mas antes de continuarmos, para você que não está habituado com os recortes, veja as diferenças entre as gerações:

  • Baby Boomers (1946-1964): marcados pelo otimismo do pós-guerra, valorizam a estabilidade, a qualidade e a tradição;
  • Geração X (1965-1980): conhecidos pela independência, viveram a transição do analógico para o digital e valorizam a praticidade;
  • Geração Y (Millennials, 1981-1996): os primeiros nativos digitais, valorizam experiências, buscam propósito e diálogo com as marcas;
  • Geração Z (1997-2010): totalmente familiarizados com a tecnologia e o imediatismo, mas prezam pela autenticidade;
  • Geração Alfa (2010-2024): crescem em um mundo interativo, influenciando as compras da família desde cedo;
  • Geração Beta (a partir de 2025): a primeira que nascerá em um mundo de IA, moldando um novo perfil de consumidor.

Atualmente, boa parte da Geração Z está iniciando a vida profissional. Segundo um relatório da McKinsey, a Gen Z já representa cerca de 1/4 da força de trabalho global, um número que deve chegar a 1/3 até 2030.

Contexto histórico dos diferentes Zs

Para olhar de forma mais cuidadosa para a Gen Z, é útil dividi-la em dois subgrupos:

1. A primeira "leva" chamamos de Zillennials, entre 24 e 28 anos. Eles nasceram nos anos iniciais do Plano Real e do começo de uma estabilidade econômica no Brasil. À época, a pobreza e desigualdade social começavam a reduzir. Eles foram os primeiros adolescentes a terem o Enem como a porta de entrada para a universidade.

2. Os mais novos são os Zoomers, têm entre 16 e 23 anos. Eles se encontram em muitos pontos de intersecção: universidades e eventos sociais.  Também compõem a maior parte da população "nem-nem" (jovens que não estudam, não trabalham e não buscam emprego).

Os Zoomers foram os que mais ficaram no fogo cruzado ideológico. Bem na fase de formação do pensamento crítico, tiveram que enfrentar, sem ferramentas, esquerda e direita vociferando suas teorias.

Apesar de também estar acontecendo entre os Zillennials, os Zoomers têm liderado uma revolução silenciosa de quebra paradigmas. Parecem ter fechado os ouvidos e olhos para o mundo à procura de autenticidade.

Eles não querem mais do mesmo. E isso tem se manifestado de forma intensa em algo que foi abandonado por muitos Zillennials, por Millennials e pela Geração Esquecida (X): a fé.


O fenômeno: Gen Z abraça o Catolicismo

De forma geral, a Geração Z tem chamado a atenção mundial: uma crescente adesão ao catolicismo. Os zoomers especialmente.

Longe de ser um movimento isolado no Brasil, é uma tendência observada na Europa e nos EUA, impulsionada por influenciadores digitais que criam memes, pregam e ensinam para os jovens.

Os dados são impressionantes. Na França, os batismos entre jovens de 18 a 25 anos, quadruplicaram nos últimos quatro anos, e a Páscoa de 2025 registrou um recorde de 17.800 batismos de adultos. Já nos EUA, um estudo de Harvard de 2023 encontrou mais americanos da Gen Z se identificando como católicos.

Uma análise multidisciplinar

Pensando nisso, como teólogo, cientista social e analista de marketing, estou me propondo a começar a analisar esse movimento de perto — por enquanto, de forma breve. Vejo que essa tendência nasce da confluência de anseios profundos desta geração, que busca respostas que o mundo secular e outras vertentes religiosas não têm oferecido.

Breve perspectiva Sociológica: a fuga da fragmentação

Enquanto os Zillennials amadureceram em um cenário de excesso de informações, os Zoomers sofrem com a profunda fragmentação ideológica dos últimos anos.

A hiperindividualização moderna gera ansiedade existencial para muitos deles. Há uma notável falta de pertencimento nessa geração.

A ausência de referências sólidas é uma constante. A filósofa Marilena Chauí aborda essa realidade. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Chauí mencionou a influência do neoliberalismo na sociedade, um sistema que fragmenta a classe trabalhadora globalmente.

A mesma influência chegou ao pensamento ideológico dominante na política e educação, o qual estratificou "múltiplas personas" a serem defendidas pelo Estado e Sociedade.

Nesse cenário, um Zoomer é constantemente instigado a se encontrar e se manifestar em diversas identidades.

Sua sexualidade precisa ser defendida, sua etnicidade precisa ser respeitada e sua identidade de gênero protegida. 

Sua classe social precisa ser representada e sua espiritualidade vivida de forma ancestral.

Ainda há os posicionamentos ambientais e outras discussões que realmente são urgentes, mas demandam uma maturidade intelectual complexa.

Em meio a essa avalanche de informações e escolhas, o catolicismo surge oferecendo uma comunidade global unificada e coesa. Apresentando uma tradição consistente e milenar (ancestral). 

Com posicionamentos autênticos para o mundo contemporâneo e enraizados, a Igreja Católica fornece uma identidade coletiva forte e inabalável. 

Isso atende a um profundo anseio por solidez e pertencimento: um porto seguro no oceano de incertezas.

Breve perspectiva Teológica: em busca de solidez e unidade

Muitos jovens da Gen Z passaram por um contexto protestante heterogêneo. São filhos do crescimento acelerado da igreja evangélica no Brasil na década de 2000.

Naquele período, a população evangélica passou de 15,4% em 2000 para aproximadamente 22,2% em 2010, superando o crescimento da população total.

Porém, como é da natureza do protestantismo, ele cresceu fragmentado. Não diferente, a saturação com a instabilidade doutrinária tem sido um fator decisivo para a busca pela solidez do catolicismo.

A crise do protestantismo conflitante

O debate protestante é desgastante. Duas igrejas sob um mesmo "guarda-chuva" (Presbiteriana, Batista e Assembleia) podem apresentar conflitos teológicos significativos: 

  • O batismo bíblico é por imersão ou aspersão?
  • É aceitável batismo infantil ou somente o batismo de crentes professos?
  • A perspectiva sobre o livre arbítrio é calvinista ou arminiana?
  • Os dons espirituais ainda se manifestam ou cessaram com os apóstolos, como falar em línguas, profecias e curas?
  • Qual a natureza da Santa Ceia? Ela é um símbolo memorial (visão de Zwingli), uma presença espiritual pela fé (visão de Calvino) ou em uma presença real "com, em e sob" os elementos (visão de Lutero)?
  • Qual o papel das mulheres na liderança eclesiástica? Elas podem ser ordenadas como pastoras e presbíteras?

Boa parte dos evangélicos ainda precisa lidar com a governança instável e a ausência de uma autoridade institucional central forte como o Vaticano.

Também há a ausência de uma liturgia histórica. E o que dizer da busca incessante pela adaptação de pregações e músicas às transformações da sociedade?

Por fim, ainda temos a falta de símbolos de fé que permanecem vivos em outras religiões históricas, como judaísmo, islamismo, budismo e religiões de matrizes africanas.

A carência de artes no meio evangélico gera um vácuo espiritual, escancarando a falta de entendimento antropológico e arqueológico do tipo de animal o homem é: um ser de símbolos.

Essa fragmentação e pobreza simbólica tem feito com que a Gen Z redescubra o catolicismo, especialmente os Zoomers. 

O paradoxo digital-tradicional: evangelização nas redes

No final de julho deste ano, o Papa Leão XIV recebeu influenciadores digitais no Vaticano — um aceno de reconhecimento da importância desses na missão evangelizadora. 

O Papa Francisco já havia reconhecido o poder da internet, chamando-os de "missionários digitais".

Na última Quarta-feira de Cinzas, um evento curioso foi visto pela Europa: jovens e adolescentes exibiram as cinzas na testa por meio de suas redes sociais, demonstrando um orgulho crescente pela identidade católica, quebrando o constrangimento religioso tradicional.

Breve perspectiva em Comunicação: a estética

Mesmo um profissional júnior de marketing há de concordar: a estética católica é poderosa. 

A comunicação da Igreja Católica é rica em símbolos históricos, arquitetura majestosa e rituais repletos de historicidade.

  • Cruzes, rosários e imagens sacras que  materializam toda a narrativa; 
  • Catedrais, basílicas e mosteiros que silenciam os dias atuais;
  • A estética das missas que induzem à introspecção, respeito e ordem;
  • As procissões e arte sacra geram respeito por onde passam.

Essa estética milenar cria um forte contraponto à superficialidade das redes. 

E foi através de padres, diáconos e outros atores religiosos que elas entraram nos feeds. A autenticidade encontrou seu público-alvo.

Por que pensar em marketing?

Para quem trabalha com comunicação, entender esse paradigma em movimento é crucial, pois em breve essa geração será dominante no consumo. 

A Gen Z anseia por autenticidade, profundidade e narrativas sólidas, com lastro histórico.

No meio de tanta técnica de persuasão, com sábios estrategistas de marcas inundando o LinkedIn com conteúdos, cursos de R$29,90 e imersões de R$ 10.000, talvez seja hora de olhar para uma simples e milenar:

  • Autenticidade na performance;
  • Valores sólidos em meio ao relativismo;
  • Comunidade sobre personalização extrema;
  • Storytelling envolvente sobre uma boa notícia que todos já conhecem.

O crescimento da adesão ao catolicismo pela Gen Z, especialmente os Zoomers, revela uma geração em busca de raízes, tradição e uma comunidade global

Se o seu algoritmo ainda não te levou até lá, faça uma busca e veja como o "Silent Revival" não é nada silencioso nas redes sociais.

Ao que tudo indica, há uma revolução espiritual a caminho que transformará a sociedade e o mercado nos próximos 30 anos.


Por que tudo neste texto foi breve?

Porque teremos mais. Aguarde!


Obrigado por ler este post!

terça-feira, 23 de setembro de 2025

O [ainda] Jovem Sonhador voltou


Este blog foi criado por um jovem seminarista sonhador que, curioso e sempre atento, gostava de observar a multidão nas ruas de Campinas-SP. Foi assim que, em 2009, ele escreveu seu primeiro post,"O menino sem balinhas", e passou a transformar gestos em palavras, vendo o mundo pelas lentes do Evangelho.


Tudo indica que 2010 não foi um ano fácil. O blog que deveria ser um canal de pregação se tornou um muro de lamentações com "Quem pensa por si mesmo é livre", "Felicidade não é conquistável", "Bipolar: eu?". Ele se lamentava: "Pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou". Deu tudo errado!


O seminário ficou para trás, e o pastorado também. Pelos posts, janeiro de 2011 não começou nada bem: "Caçador de mim" e "Quem se importa?". Que perigo, cara! Parece que você estava mal.


Ufa! Chegou 2012! O ex-pastor já era estudante de Ciências Sociais. Nessa época ele estava "Pensando e Repensando a Educação".


Em 2013, um novo propósito surgiu: Corpo são, mente sã! De 122 kg para 68,9 kg em um ano? Parabéns! Naquele ano, escreveu em "We are infinite": Eu não tenho tido tempo para escrever mais neste blog (como gostava disto!), pois estou muito ocupado tentando participar!


O ano de 2014 e 2015 sumiram da linha do tempo — época de república universitária (que loucura era aquilo!). 


Mas em 2016, uma hecatombe parece ter acontecido. O post "Você merece todo aquele amor" tem imagem de gatos abraçados, coração trancado e um boneco deixando os braços de outro. Freud, Camões o Apóstolo Paulo e eu — todos juntos em uma só frase.


Todos os 34 seguidores devem ter achado que o Jovem Sonhador morreu em 2017. Pelo último post, eles podem ter pensado: Projete-se para onde? 


Quase uma década depois, aqui estou novamente! O cientista social também passou. Sobrou somente o Jovem Sonhador e suas palavras. Atualmente, são elas que enchem a geladeira, pagam o aluguel e alimentam os gatos.


Bem-vindo de volta, redator e (ainda) Jovem Sonhador!