Superfantástico amigo, aproveite a viagem!
Em 2025, finalmente entramos naquele futuro onde a automação e a inteligência artificial redefiniriam as bases da produção global. Entramos na fase de aceleração da desvalorização da mão de obra humana, cada vez menos necessária para fabricar bens materiais e intelectuais.
Contudo, com a escassez de empregos, surgirá aos poucos um abismo no poder de compra da população. Sem salários, a engrenagem do consumo pode travar, ameaçando colapsar todo o sistema produtivo.
Os detentores do capital já perceberam que a eficiência das máquinas é inútil sem consumidores, pois produtos estocados não geram lucro. É a exploração do consumo que mantém o capitalista.
Nesse contexto, a renda média universal torna-se a única saída viável. Ela garante que a população tenha recursos para consumir o que a automação produz incansavelmente.
Isso evita a falência dos próprios bilionários, que dependem do fluxo financeiro. Se não viabilizarem o consumo das massas, eles perderão suas fortunas para a estagnação econômica.
Estamos presenciando a hipérbole do capitalismo em seu estágio final: o acúmulo de capital atinge um teto onde reter dinheiro se torna um ato financeiramente suicida. Não há mais nada para comprar no mundo. Ou investe em na colonização de Marte ou na prevenção da exitnção da classe trabalhadora!
Não há mais o que fazer com tanto dinheiro senão a redistribuição. O capital precisa circular para ter valor, forçando uma generosidade estrutural vinda dos mais ricos.
Essa nova realidade econômica desenha contornos quase místicos na sociedade. Estamos materializando, através da engenharia e do prompt, as promessas de paraísos religiosos no mundo terreno?
Estamos, finalmente, chegando em uma era onde poderemops viver plenamente sem a angústia da subsistência diária?
O dilema da natalidade
Se a sobrevivência é garantida e o tempo é livre, a lógica biológica sugere uma explosão populacional. Afinal, a busca pela indepedência.
No entanto, o paradoxo demográfico atual mostra que quanto maior a escolaridade e a renda, menor a natalidade.
Nesse novo mundo, o "direito à renda" pode vir atrelado a um contrato social de "responsabilidade reprodutiva".
Com IAs calculando a capacidade de suporte do planeta, os Estados podrão definir cotas ou incentivos para o não-crescimento populacional — um ataque frontal às crenças majoritárias.
O dilema da sustentabilidade
Mas como consumir sem exaurir a Terra?
Se o consumo é necessário para girar a economia (para que os donos das máquinas lucrem), ele não pode ser baseado na extração infinita de matéria-prima. Talvez tenhamos uma Inteligência Artificial fazendo a gestão de uma economia circular, onde o desperdício é zero. O produto não é "jogado fora", mas desmontado e reintegrado pela automação.
O dilema da guerra
E as guerras? Haverá motivos?
A guerra tradicionalmente ocorre por disputa de território (recursos) ou ideologia. Se a energia é abundante (via fusão ou renováveis) e a produção é local (impressão 3D e automação), a necessidade de invadir o vizinho diminui.
Isso tem cheiro de uma "Pax Technologica". O perigo, porém, residirá nos controladores de IAs Centrais.
O estado de harmonia e ausência de conflitos ou violência sistêmica na sociedade dependerá de um Contrato Social 2.0 para diferentes níveis estruturais e relacionais. Afinal, se Hobbes e Kant ainda estiverem certos, sempre haverá motivo para guerrear, pois a paz não é um estado natural.
O dilema do crime
Se eliminarmos a escassez, eliminamos o roubo? Em grande parte, sim. Mas o crime, como fenômeno social, provavelmente sofrerá uma mutação em vez de uma extinção.
Neste "Éden Tecnológico", a motivação para o crime deixa de ser a sobrevivência e passa a ser a psicologia e o status.
Isso nos leva a uma questão final sobre a condição humana: o que faremos com o tempo?
O dilema do sentido da vida
Essa é a fronteira final! Se a luta pela sobrevivência for vencida, a humanidade enfrentará o seu adversário mais difícil: o tédio e o vazio existencial.
Sem a obrigação do trabalho, o modelo mental de "produzir para ser útil" colapsará. Entramos na era do ócio criativo e da busca por significado intrínseco. Eis como a sociedade deverá se reorganizar para não mergulhar em uma depressão coletiva:
1. A renascença do "fazer por fazer": no futuro, o valor migrará para o processo, independente do produto final;
2. O retorno do artesanato: mesmo que um robô possa imprimir uma cadeira perfeita em segundos, o ser humano dedicará semanas para entalhar uma cadeira de madeira imperfeita — o "erro humano" será como uma assinatura de alma;
3. A era dos hobbies profissionais: daremos status social a "quem cultiva as melhores orquídeas" ou "quem escreve a melhor poesia", e não de quem tem o carro mais tecnológico;
4. A exploração do "inner space" e do cosmo: com o tempo livre, a curiosidade humana, antes reprimida pela rotina de 6h às 19h, será liberada para olhar para dentro de si, dos outros, para o céu e para o horizonte;
5. Educação perpétua: aprender não será mais uma etapa para conseguir um emprego, mas o próprio objetivo da vida. Quem conseguir extrair as reflexões mais profundas acerca da vida será elevado — afinal, os cálculos não nos pertencerão mais.
Chega!
No balão mágico, o mundo fica bem mais divertido, não é mesmo?
