A Geração Alfa é composta por indivíduos nascidos a partir de 2010 até 2024. Ela é a primeira geração nascida inteiramente no século XXI. Embora ainda estejam na adolescência e pré-adolescência, com um olhar antropológico bem ajustado já podemos traçar algumas tendências de como os sucessores da Geração Z irão se comportar tanto no mundo corporativo e no mercado de consumo.
Diferentemente das gerações anteriores, que se adaptaram à tecnologia ao longo do tempo, os Alfas nasceram totalmente imersos em um ambiente de dispositivos digitais, inteligência artificial (IA) e automação.
Para eles, um mundo analógico é praticamente inconcebível, pois cresceram em um contexto de hiperconectividade e digitalização avançada. Essa imersão não poderia moldar visão de mundo e o comportamento de outra maneira: eles são mais do que nativos digitais, são hiperconectados.
Em 2024, a Geração Alfa chegou a 2,8 milhões de nascimentos por semana. Hoje, eles somam cerca de 2,5 bilhões de pessoas. No Brasil, essa geração já representa 17% da população e seu poder de compra já alcança a marca de US$ 360 milhões anuais.
Gen Alpa: educados, entretidos e conduzidos por influenciadores digitais
Muitos Gen Alfa são filhos dos Millennials (Geração Y) e nascem como "celebridades" devido à exposição que seus próprios pais, que são influenciadores, promovem nas redes sociais desde a infância.
Recentemente, vimos como a denúncia do influenciador Felca causou um abalo nos debates políticos no Brasil. A reflexão sobre a dultização de crianças acendeu o alerta sobre a hiperexposição.
O tempo de exposição às telas também veio à cena. É perceptível que a Geração Alfa é a mais afetada. É ela quem tem a maior luta contra o vício em dopamina gerado pelas telas — tática utilizada estrategicamente por conteudistas, especialmente os influenciadores digitais.
Consumistas de conteúdos
O consumo de conteúdo dos Alfas está profundamente ligado à sua natureza hiperconectada. Eles valorizam o compartilhamento de visões e opiniões com outros, mais do que a Geração Z.
Suas interações sociais tendem a expandir-se no ambiente virtual. As habilidades sociais dessa geração se aprimoram, principalmente, nos ambientes digitais e virtuais. Eles são os donos e os alvos de aplicativos como Discord.
Essa característica terá um impacto significativo nas rotinas de trabalho futuras. Essa geração cresce interagindo naturalmente com assistentes virtuais, IA e automação.
No mercado de trabalho, eles provavelmente verão a Inteligência Artificial não apenas como uma ferramenta, mas como uma parte integrante de seu processo produtivo.
Eles valorizam a autonomia e buscam soluções que a incentivem. Interessantemente, pesquisas indicam que eles também são os que melhor conseguem desligar das redes quando se sentem exaustos. Mais de
Impacto da Geração Alfa no consumo familiar e mercado de trabalho
A Geração Alfa, por ser o maior grupo de indivíduos da história, está redefinindo as relações de consumo e a dinâmica familiar. Eles já movimentam em média R$ 268 por mês no Brasil.
O interessante é que, devido à queda na taxa de fecundidade, esses adolescentes nascem majoritariamente como filhos únicos. Como consequência, ganharam autonomia em muitas áreas de consumo, como lazer e entretenimento digital.
Entre eles, o favoritismo por marcas como Netflix (46%) e Disney (43%) é maior do que o da Geração Z.
Vejamos algumas características do perfil da Geração Alfa:
- Busca por propósito e impacto: eles darão mais importância a questões globais, como mudanças climáticas e sociais, buscando trabalhar em empresas com impacto social e ambiental tangível;
- Mentalidade de trabalho por projeto: ao contrário de gerações com a ideia de carreira estruturada, os Alfas tendem a trabalhar por projetos, usando habilidades específicas e mudando de função com frequência. Empresas precisarão se adaptar a essa mentalidade mais flexível;
- Habilidades valorizadas: com a automação de tarefas repetitivas, o diferencial dessa geração será a capacidade de inovar e se adaptar rapidamente. Criatividade, resolução de problemas e pensamento crítico serão habilidades-chave;
- Aprendizado contínuo: o conceito de estudar para uma única profissão será substituído pelo aprendizado constante (aprender a aprender), impulsionado pelo avanço da IA e da educação digital.
O mercado tem um grande desafio com os Alfa. Entendê-los bem deve estar na mesma prateleira da Geração Z, a queridinha dos analistas. Esquecê-los e correr riscos de competitividade.
Conclusão: perspectivas para o consumo e trabalho
A Geração Alfa representa um ponto de inflexão no consumo. As marcas que desejam se conectar com esse público devem investir maciçamente em uma experiência digital que seja fluida, integrada e com propósito.
Não basta somente ter presença online, é necessário oferecer um ambiente que seja parte do processo de compras e onde as experiências físicas e digitais sejam personalizadas.
No mercado de trabalho, as empresas deverão adotar uma abordagem mais ágil e flexível para suas contratações, refletindo o interesse da geração por projetos e o desenvolvimento de habilidades como criatividade e pensamento crítico.
Acima de tudo, as marcas precisam alinhar seus valores a um impacto social e ambiental tangível, pois os Alfas buscarão empresas que demonstrem responsabilidade com questões globais.
A próxima onda de sucesso no mercado dependerá de quão bem as marcas entendem e atendem a essa geração hiperconectada e orientada por valores.
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