"A Terra é boa, o povo hospitaleiro, o Tio Sam de cara percebeu que era só plantar e colher o tempo inteiro..." André Luiz
Alguém disse que no Brasil confunde-se conflito de ideias com rivalidade
pessoal. Esta não é minha intenção, contudo não posso deixar de contrariar
alguém porque é meu amigo. Então, desce a letra! :D
Joaquim Barbosa, Pelé, Marcelo Gleiser, Santos Drummond, Padre Landell,
Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, Carmem Miranda, Eike Batista, Chacrinha, Juan José
Giambiagi, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Vital Brazil, Milton Santos,
Oscar Niemeyer, João Magueijo e outros cientistas, artistas, esportistas e
tantos “istas” bem quistos mundo a fora, todos vós sois esquecidos e
desprezados por aqueles que rezam: o Brasil não presta, é uma roça, nada tem de
bom e só contamina o mundo.
[Como este blog não é
o Wikipédia ou muito menos pretende ser pertinente em biografias, apresentei
alguns nomes acima com base em uma rápida pesquisa feita no São Google sobre
"personalidades brasileiras no mundo". Se você não conhece alguns
deles, abra uma aba aí e pesquise. Caso contrário meu texto ficaria mais
extenso que o habitual.]
É com um longo suspiro que penso em cada palavra deste texto. Sou
declaradamente apaixonado pelo Brasil e acredito que ele será um dos melhores
países do mundo para viver, e penso nisto sem utopia ou cegueira vinda de
qualquer patriotismo alienante. O acesso à informação está ajudando muito
neste processo. Nossos pensadores estão se expondo mais, os bons estão sendo
exaltados e aclamados, os melhores privilegiados, a mentalidade religiosa não
tem mais a força que tinha sobre a educação e a formação moral de nossa
sociedade. Nossas mentes brilhantes que estão ganhando espaço em nossas
universidades e nossos grandes centros de pesquisas como a EMBRAPA, BUTANTAN,
FGV, FIOCRUZ e outros, e agora estão saindo mundo a fora, captando e levando
conhecimento (biodiesel) . Quanto à diversidade climática do nosso país, fauna,
flora, ausência de grandes catástrofes naturais (furacões, terremotos,
maremotos) e potencial para energias renováveis, nem preciso laurear. O povo
tem saído às ruas para lutar por seus direitos. Cariocas e capixabas
pelos royalties, "minorias" por seus direitos, mulheres contra a
violência, ateus pela laicidade, educadores pela educação, jovens contra a
corrupção e até os maconheiros estão dando as caras. Sensacional! :D
Contudo,
alguns amigos, alguns escritores de influência em periódicos,
"intelectuais da internet" e um tanto de inoperantes críticos da
"podridão do Brasil e seus idiotas" parecem ignorar todo o processo
de evolução social, histórica, política, econômica, educacional ou ainda
geopolítica que passam TODOS os povos. A Holanda se formou Holanda com muita
evolução histórica. A humanidade evoluiu lentamente do despotismo à organização
democrática e ainda há muita coisa pra acontecer (quiçá chegaremos à plena
exploração espacial). É tão difícil entender isso? Antes mesmo de começar a
cursar Ciências Sociais eu já tinha essa visão! Mamãe ensinava: somos
diferentes um do outro, cada um tem seu tempo!Estes "críticos",
desconsiderando o processo de evolução de cada povo (e isso é bem
complexo), pecam em comparações injustas entre o Brasil e países como Holanda,
Suiça, EUA ou Inglaterra. E o pior é que líderes políticos caem no mesmo
erro, por isso, talvez, falham tanto em suas propostas. Estes imaginam que é só
pegar o dinheiro, construir escolas super modernas e colocar os alunos lá. Ah
se fosse simples assim! Há um processo longo de transformação social e até
mesmo cultural para que estas coisas sejam eficazes. Admiro, por exemplo,
o melhor Senador do Brasil, Cristovam Buarque, contudo, dentro das propostas
dele, eu ainda faria algumas transformações pareadas à reforma na educação. Concordo
que de fato precisamos evoluir muito na formação de uma mentalidade coletiva
sadia que priorize educação, saúde, ciência e tecnologia.
Precisamos lutar
muitos mais por nossos direitos e nos atentarmos muito mais aos nossos deveres,
é fato. Mas achar que não temos nada disso é muita superficialidade na análise
crítica da sociedade brasileira. Ver uma pegadinha perigosa (mas muito
engraçada) como a do Silvio Santos que neste momento é comentada nas redes sociais e a usar para difamar o
Brasil, dizendo que isso é coisa de brasileiro ignorante é muita *&%$%@
(não sei que palavra usar).
Creio que esta confusão venha do fascínio que trás consigo a ideia de um
mundo cada vez mais globalizado. Com a expansão da internet ficou muito fácil
conhecer o mundo, com o crescimento da economia ficou muito mais fácil
ultrapassar nossas fronteiras e com a ideia do cidadão cosmopolita, mais fácil
ainda é abandonar a terra pátria e viver em outra (novo nomadismo?). É certo
que com estas idas e vindas entre os países, a tendência é que o cidadão fique
mais crítico ao comparar as disparidades
entre os países, contudo é preciso cuidar para não cair no erro das
comparações injustas, comparações feitas com um peso e duas medidas. Sem esse
crivo iremos criticar um Brasil com brasileiros corruptos que vendem voto e
virgindade (é fato) e enaltecer os EUA que vendem direitos civis. Sabe como
fazem isso? Você pode conseguir o Green Card investindo na abertura de
negócios de 500 mil dólares em regiões com maior índice de desemprego - seja um
bom comerciante e, em no máximo 3 anos você será um cidadão norte americano com
todos os direitos e deveres de um nativo. Isto é ou não compra? E se for preso
na Califórnia, por 175 dólares diários você fica em "celas hotéis".
Ambos se vendem, mas lá é o "not bad" do mundo.
Este fascínio tende a ofuscar o ensinamento de geografia lá do Ensino
Fundamental, fazendo-no esquecer que o mundo se divide em países
desenvolvidos, emergentes, subdesenvolvidos, pobres etc. Sendo assim, é, em
lógica simples, irracional cobrar de um país pobre a estrutura social e até
mesmo a mentalidade de um país desenvolvido. É como achar que nossa Integração
Regional feita através do MERCOSUL (Mercado Comum ainda em construção) pode se
tornar uma União Política (para onde caminha a União Européia, uma avançada
União Econômica e Monetária). Se queremos sair do senso comum e das modinhas de
"críticos da internet", não podemos ser tão simplistas e
inocentes nestas comparações. Anote aí: querer que o Brasil e os
brasileiros acordem como o Japão e seus japoneses, a Holanda e os holandeses ou
os Estados Unidos e seus americanos é uma utopia maior que a minha.
Ficar olhando pro lado, repetindo incessantemente que o Brasil não
presta é, antes mesmo de falta de fé ou esperança em dias melhores, falta de
"lógica racional" e otimismo mesmo diante de progressos visíveis da
nossa sociedade. Aliás, essa síndrome de desgraça é uma herança cristã: tudo
vai piorar, acabar, ser destruído, só a nova Jerusalém (EUA, UE, Japão) que
interessa. Olhemos para o atual "herói nacional", Joaquim Barbosa. Jornais estrangeiros, tais como El País
(espanhol), La Nación (argentino), Libération (francês) ou The Washington Post
(americano) admiram os nossos últimos acontecimentos históricos, eleição do
ministro à presidência do STF e condenação dos mensaleiros, mas muitos nem se
importam e quando tentam enxergar um avanço brasileiro dizem: mas isso não
acontecerá mais, vai dar em pizza, é mentira etc. Estes "sem fé e
obras" simplesmente desprezam (ou até mesmo desconhecem) as preciosidades
brasileiras que citei inicialmente, pessoas as quais foram ou são dotadas de
inteligência, habilidades, bom caráter e a nossa característica nacional,
afabalidade. E elas são BRASILEIRAS.
Nos dias atuais temos muitos pesquisadores brasileiros de notável importância para o mundo acadêmico internacional. Suas
descobertas, teorias e criações ajudam na produção de conhecimento e
desenvolvimento de novas tecnologias. A exemplo temos: a astrofísica Thaisa
Bergmann, com 1.674 citações internacionais, a bióloga Mayana Zatz, com 1.375
citações, Jairton Dupont, com 1.646 citações e Paulo Eduardo Artaxo Netto, com
656 citações. E o que dizer dos nossos adolescentes que estão sendo
selecionados para estudar fora do país, não porque são brasileiros, mas porque
são estudantes dedicados e excelentes, seriam em qualquer país - o que espanta
a alguns é que eles sejam "brasileiros".
A cegueira babação de ovo é tão grande que desprezam que nosso país já investiu milhões de reais
para ajudar os imigrantes haitianos que vieram para o Brasil em busca de
condições melhores de vida, através do Fundo Nacional de Assistência Social, mas prezam
pela "genialidade" de um candidato republicano capaz de propor
"auto-deportação". Sabe o que é isso? É fazer com que a
vida de imigrantes ilegais fique deplorável a ponto de eles voltarem aos seus
países de origem. Para isto priva-lhes moradia, trabalho, ajudas sociais e
estudos. Lembro-me de Hitler e os judeus!Insistem que o Brasil só exporta porcaria,
contamina o mundo com os brasileiros. Contudo, que inteligência têm uma plateia
que aplaude a ignorância? Se a "cultura podre" brasileira cria
"Aí se eu te pego", por que as "culturas superiores" dançam
e cantam: "Oh If I Caught" e "Ai Si Te Beso" ou "שיר השיקסע"? (nota: essa música é uma
merda).
Por fim dizem que deveríamos criar e não importar as coisas, por mais
que elas sejam legais. O mundo seria um caos se privatizássemos a vida e a
tornássemos cativas aos seus países de origem. Ficariam cativos aos seus
respectivos países de origem o belo rock in roll,
o admirado jazz, o gostoso blues, a boa macarronada ou mesmo o santo
futebol. Na mesma via - e estou fazendo aqui uma história virtual - o mundo desconheceria a "bina", pela
criação do mineiro Nélio Nicolai na década de 80, teria demorado a falar pela
radiofusão, como fez nosso conhecido internacionalmente Padre Landell e ainda
não estaria voando como fez Santos Dumont. Ah, e 135 países não teriam os
nossos cosméticos sendo que muitos deles feitos de
plantas nativas brasileiras. Imaginem só, o mundo enrugado e a gente lisinhos.
:D
A pergunta que faço é: é justo encarar o Brasil e os brasileiros
como o atraso da humanidade e ficar depreciando nossa cultura e história em
comparações culturais inequivalentes, dando crédito somente às "Nanas
Gouvêas" e "Latinos" e desprezando as nossas riquezas e
evoluções?Sobre a terra somos todos iguais em glória e desgraça!
Mas é assim: o
brasileiro ama o mundo, e o mundo, nos últimos anos, vem em peso visitar e
morar na “terra que mana leite e mel”, o novo Éden do mundo, onde tudo nasce.
Aliás, dê uma olhada no último Censo sobre Imigrantes no Brasil.