De Jacó, um prato de lentilhas, aos
psicolojistas, psicaloteiros e psicólogos.
Por
aqueles dias ouve um jovem guerreiro que se aventurou a desbravar as matas do pomar
de sua casa. O pequeno menino saiu em silêncio, atento aos mínimos sons do ar
que estava quase morto. Os seus passos faziam um som ensurdecedor. As folhas
secas no chão rangiam sob seu peso. Sua espada de vareta cortava o ar. O cheiro
do peixe no forno o perseguia. O grito de sua mãe o assustou.
–
Estou aqui no quintal mãe [...] tudo bem, quando o jantar ficar pronto me
chama.
Aqueles
olhos castanhos voltaram a mirar o horizonte a poucos metros do fim, barrado
por um muro gigante, de tijolos de barro. O silêncio dispersara o a voz de sua
mãe. Os sons de seus pés sobre gravetos e folhas cantaram em companhia.
Então
passou por ele uma borboleta muito veloz, com as asas batendo feito beija-flor
e um rosto sorridente. O coração acelerou, mas logo se acalmou e o menino falou
baixinho: olá, André, vem comigo até o fim desse jardim?
Então
ele se aproximou de uma roda de árvores que pareciam julgar alguém no centro
entre elas. Ele passou entre duas, sem nelas encostar e se pós como réu. Olhou
pra cima e viu as feições tão duras e ásperas. Ele disse: quem sou eu? O que eu
fiz para merecer este castigo ou esta dádiva? Por que estou aqui? Quem foi o
tirano ou generoso que me concebeu?
O
silêncio parou novamente, um vento forte o interrompeu. Os galhos balançaram.
Caiu uma dúzia de folhas. Bateram no chão e voaram novamente.
– Volta
pra casa, menino!
O
pequeno guerreiro tirou suas roupas e sentiu frio, assentou-se no chão, agarrou
seus joelhos e se aqueceu. Sua costa sentiu resfriou e o fez tossir. Parecia
estar cheia de fumaça por dentro, pois tanto tossia. O garoto acendeu um
cigarro e bebeu quase todo leite de sua mamadeira. Olhou para o lado e começou
a rir. O André não havia voltado. E toda aquela cena era de uma natureza
assombrosa e caótica. Tudo nascendo e morrendo e, se não por sua racionalidade
instigante, tal como as folhas no chão, ali ele estava e o próximo chamamento
de sua mãe teria um tom mais áspero na voz. Era melhor se vestir, apagar o
cigarro, fazer um gargarejo com leite, lavar as mãos e ir jantar. Ele voltou
pra casa, mas nunca mais saiu do pomar, que se tornara um jardim cheio das
coisas que ele gostava, do André à fumaça, das maravilhas às próprias
desgraças.
*Não sei, definitivamente, porque escrevi essa loucura. Eu estava totalmente sóbrio (risos).